São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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VALERIODUTO TUCANO/REAÇÃO NO PALÁCIO

Walfrido indica sucessor ao presidente

Ex-ministro indicou José Múcio para substituí-lo e fala que, se voltar, pretende atuar em projetos especiais do presidente

Lula sondou Múcio pela primeira vez na semana passada, quando Walfrido alertou presidente sobre proximidade da denúncia

Alan Marques/Folha imagem
Walfrido anuncia seu afastamento do cargo de ministro das Relações Institucionais ao lado do deputado José Múcio, seu sucessor


VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sondou pela primeira vez o deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE) para suceder Walfrido dos Mares Guia na quarta-feira da semana passada, véspera do feriado da Proclamação da República. Naquele dia, Lula disse ao deputado petebista estar preocupado com a situação de Mares Guia e sinalizou que ele poderia ser o novo ministro. "Posso precisar de você, fique preparado", afirmou o presidente, segundo relato feito ontem à tarde a amigos pelo próprio Múcio, pouco depois de ser convidado oficialmente para ser o novo articulador do governo. Para o lugar de Múcio na liderança do governo na Câmara, Lula optou por Henrique Fontana (PT-RS), uma forma de compensar os petistas que há muito reclamam de estarem ausentes do grupo responsável pela articulação política.
Lula acertou com Mares Guia sua saída do governo no início de novembro. O ex-ministro informou ao presidente que seus advogados receberam a informação de que ele não escaparia de ser denunciado pela Procuradoria Geral da República e, com isso, considerava ruim para ele e para o governo sua permanência no posto. Nessa conversa, Lula teria dito que iria analisar o nome de Múcio, amigo de Mares Guia, para ser o novo articulador político do governo. A decisão final sobre a troca se deu na última terça-feira, quando o ex-ministro de Relações Institucionais disse a Lula que seus advogados já tinham a confirmação de que ele seria denunciado. Só não sabiam quando a denúncia seria protocolada no STF (Supremo Tribunal Federal).
Anteontem, Mares Guia avisou a Lula que a denúncia seria protocolada até ontem. O presidente o autorizou, então, a se reunir com Múcio e avisá-lo que ele seria o novo ministro. Os dois jantaram na casa de Mares Guia, que avisou o amigo que no dia seguinte seria chamado ao Palácio do Planalto. Durante o encontro em que foi formalizada a troca, Lula disse a Mares Guia que o "espaço no governo está aberto para sua volta" assim que ele se livrar da denúncia.
De volta a seu ainda gabinete, Mares Guia acabou falando de um possível retorno ao governo ao avisar seu substituto que há um projeto de troca dos móveis da sala. "Só vou fazer a troca quando você voltar, como disse o presidente Lula", devolveu o novo ministro. Mares Guia respondeu que, se voltar, espera assumir outras tarefas, alguns "projetos especiais" do presidente, não a articulação. O ministro demissionário relatou a Lula que seus advogados consideram "inepta" a denúncia e que considera que eles devem conseguir derrubá-la na Justiça por falta de provas.
"O procurador não me denunciou por nada do que a Polícia Federal me acusou, ele foi buscar um argumento que não existe, não há provas", disse Mares Guia ao presidente. O anúncio oficial da troca foi feito ainda ontem. Mares Guia disse ter recebido com indignação as acusações feitas contra ele. Repetiu duas vezes que se tratam de acusações sobre atos que ele não cometeu e sobre os quais "jamais" foi ouvido.
Pouco antes, ainda na presença de Mares Guia, o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, leu uma nota em que o presidente Lula chamou de "grande perda" a saída do ministro e afirmou que mantém convicção de que ele será inocentado das acusações. Antes da oficialização de sua saída, Mares Guia recebeu políticos de todos partidos em seu gabinete, inclusive um tucano, o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima.


Colaborou LETÍCIA SANDER, da Sucursal de Brasília


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