Walfrido afirma que ficou indignado e acusa a PF e a Procuradoria Geral de não terem lhe dado o devido direito de defesa

Na carta de renúncia, Walfrido agradece o apoio e a confiança do presidente Lula e diz que vai empenhar esforços na sua defesa

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na carta em que oficializou o pedido de afastamento do cargo, o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) chama de "surpreendente, injusta e improcedente" a acusação de envolvimento no valerioduto mineiro.
Diz ter recebido com "profunda indignação" a informação de que seria denunciado, nega envolvimento com os crimes que lhe foram imputados e acusa a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República de não terem lhe dado o devido direito de defesa.
A carta foi entregue pelo ministro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde de ontem. Mais cedo, Walfrido teve reunião reservada com o presidente, na qual foi acertado os moldes do anúncio de seu afastamento.
No documento, ele não usa a palavra renúncia, tampouco deixa claro se o afastamento é ou não temporário. Diz não querer que um assunto alheio ao governo cause "qualquer embaraço" à gestão do presidente Lula e afirma que seu dever, agora, é empenhar esforços em sua defesa.
Ele agradeceu o apoio e a confiança do presidente e disse que quando aceitou o convite para ingressar no governo (primeiro no Ministério do Turismo) o fez com a tranqüilidade de que tem "vida idônea, transparente e marcada por êxitos". "Infelizmente, esse mesmo compromisso me obriga, hoje, a pedir meu afastamento do cargo", afirma.
Walfrido diz que só prestou um depoimento à PF, em 6 de março de 2006, sobre a campanha eleitoral de 1998. O procurador-geral, Antonio Fernando de Souza, diz que recebeu Walfrido uma vez e, depois, sua defesa por escrito.
O ex-ministro também afirma que se tivesse "um milímetro de dúvida" sobre sua biografia, jamais teria aceitado cargo no governo.


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