São Paulo, segunda, 23 de novembro de 1998

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MEMÓRIA
Mendonça de Barros e Lara Resende fundaram juntos o Matrix e trabalharam na diretoria do Banco Central
Economistas já foram sócios em banco

do Banco de Dados


As trajetórias dos economistas Luiz Carlos Mendonça de Barros, 55, e André Lara Resende, 47, já se cruzaram diversas vezes, tanto no setor público como no privado. Ambos fizeram parte dos governos de José Sarney (1985-1990) e Fernando Henrique Cardoso e foram sócios em um bem sucedido banco de investimentos, o Matrix.
Os dois economistas fizeram parte da diretoria do Banco Central durante o governo Sarney, formando parte da equipe econômica que elaborou e implantou o Plano Cruzado, do qual Lara Resende foi um dos principais elaboradores.
Com o fracasso do Cruzado, os dois deixaram o governo e atuaram por um tempo no setor privado. Em 93, fundaram o Matrix.
Outro sócio do banco era José Roberto Mendonça de Barros, irmão de Luiz Carlos e atual secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior).
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Indicação de Serra No governo FHC, Luiz Carlos Mendonça de Barros ocupou a partir de outubro de 95 a presidência do BNDES, por indicação do então ministro do Planejamento, José Serra (PSDB). Neste ano, foi indicado para o Ministério das Comunicações, substituindo Sérgio Motta, morto em abril.
Como ministro, caracterizou-se, ainda que de modo menos agressivo que seu antecessor, por uma forma polêmica de atuação.
Em junho, por exemplo, afirmou que os paulistas deveriam esperar a Telesp ser privatizada para comprar um telefone celular. "Se eu fosse comprar um celular, eu esperaria", disse em Roma. A declaração lhe rendeu críticas.
No mês de outubro, viajou para Madri e foi acusado de ter suas despesas pagas pela Telefónica de España, empresa que havia comprado a Telesp fixa e a Telesp Sudeste Celular no leilão de privatização da Telebrás.
A conclusão da privatização do sistema estatal de telefonia foi a grande realização de sua gestão à frente do Ministério das Comunicações. Foram arrecadados R$ 22,058 bilhões na venda das 12 empresas em que o Sistema Telebrás foi dividido.
Acabou, porém, caindo devido à repercussão da divulgação de conversas telefônicas grampeadas em que o que estava sendo tratado era exatamente o leilão da Telebrás.
As gravações levantaram a suspeita de que Mendonça de Barros teria favorecido, no leilão, o consórcio liderado pelo banco Opportunity. Um dos controladores do Opportunity é o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e Lara Resende.
Como os outros dois economistas, Arida participou da diretoria do Banco Central na época do Plano Cruzado.
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Sucessão no BNDES Lara Resende sucedeu Mendonça de Barros na presidência do BNDES. Antes, trabalhara, desde setembro de 97, como assessor especial de FHC, com a tarefa de elaborar um projeto de reforma da Previdência Social.
No governo Itamar Franco, foi indicado negociador da dívida externa brasileira. Na época, FHC era o titular do Ministério da Fazenda.
Sua escolha para o BNDES, neste ano, teve o objetivo de mostrar ao mercado financeiro e aos investidores internacionais que não haveria mudanças no programa de privatização do governo brasileiro.
Mendonça de Barros é formado em engenharia de produção pela USP e possui doutorado em economia pela Unicamp. É casado e tem três filhos. Dois deles -Marcello e Daniel- são sócios da Link Corretora de Mercadorias Ltda, uma corretora criada neste ano.
Filho do escritor Otto Lara Resende (morto em 92), André Lara Resende foi professor da PUC do Rio de Janeiro. Casado, possui dois filhos. Entre seus hobbies, estão o hipismo e o automobilismo.



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