São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Profeta dos 91%

Fonte de inspiração para o superaumento que os parlamentares tentaram arranjar para si mesmos, Severino Cavalcanti (PP-PE) acompanhou à distância, mas com satisfação, a batalha de seus ex-colegas de Câmara por um reajuste ainda maior do que o proposto por ele, sob recriminação geral, quando ocupou a presidência da Casa. "Sempre tive posição definida para tudo", diz o ex-deputado, que renunciou uma vez revelado o seu mensalinho e não conseguiu se reeleger. "Tem gente que usa subterfúgio."
Sobre a sucessão na Câmara, mestre Severino acha que a divisão na base aliada pode, sim, gerar um quadro como o que o beneficiou em 2005: "O Inocêncio está aí solto. Tem chance. Poderia ser o apaziguador".

Nome aos bois. Partidários de Arlindo Chinaglia (PT-SP) contabilizam entre os 83 deputados petistas pelo menos seis dissidências pró-Aldo Rebelo (PC do B-SP) na disputa pela Presidência da Câmara: José Eduardo Cardozo (SP), Carlito Merss (SC), Paulo Rubem (PE), Walter Pinheiro (BA), Paulo Pimenta (RS) e Mauricio Rands (PE).

Road show. Chinaglia deve viajar pelo menos uma vez por semana para os Estados em janeiro. Pretende se reunir com todos os deputados, veteranos e novatos.

Cálculo 1. O PSDB está com um pé fora da candidatura de José Agripino (PFL-RN) à presidência do Senado. Alega que respeitará a tradição de destinar o cargo à maior bancada. No caso, a do PMDB de Renan Calheiros (AL).

Cálculo 2. Tasso Jeireissati (CE) e Arthur Virgílio (AM) foram incumbidos de informar a posição do PSDB ao pefelista. Com as pretensões de Agripino dificultadas uma vez anunciado o apoio do PDT a Renan, os tucanos apostam agora na manutenção de seus quatro cargos na Mesa.

Magoei. Ao atropelar o acordo fechado no Senado que atendia à demanda de artistas de não repartir a mesma verba de incentivos fiscais entre projetos culturais e esportivos, a Câmara pretendeu dar o troco a Renan Calheiros, que deixou os deputados falando sozinhos no episódio do superaumento de 91%.

E o meu? A MP que liberou R$ 60 milhões para a favela da Rocinha quase inviabilizou a votação do Orçamento ontem. Como o dinheiro vai para o governador eleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), decidiu exigir o mesmo tratamento para a prefeitura carioca, sob o comando de seu pai, Cesar Maia.

Fênix. Ausente na lista de indiciados no inquérito do dossiê, Ricardo Berzoini planeja voltar à presidência do PT em janeiro. Quer pilotar a festa dos 27 anos da sigla, na Bahia, em 10 de fevereiro.

É com ele. Como Berzoini também não foi citado na CPI dos Sanguessugas, os grupos resistentes à sua volta avaliam que o deputado só fica longe do cargo se Lula quiser.

Facão. Antes mesmo de tomar posse, Yeda Crusius (PSDB) decidiu "demitir" quatro secretários. Os ex-futuros titulares da Justiça, de Obras, de Planejamento e da Agricultura são deputados de siglas aliadas que se declararam contra o pacote do "déficit zero" da governadora eleita do Rio Grande do Sul.

Carona. José Borba, que renunciou ao mandato na esteira do mensalão, é uma das estrelas de anúncio pago pelo colega de partido Odílio Balbinoti num jornal de Maringá (PR). Os peemedebistas anunciam sua "participação" na liberação de uma emenda de R$ 4 milhões para a construção de uma vila olímpica.

Escalação. Tudo caminha para que Barros Munhoz (PSDB), ex-subprefeito de Santo Amaro, seja o líder do governo José Serra na Assembléia Legislativa paulista.

Tiroteio

Um governo que protela com tanta competência suas promessas poderia fazer um esforço maior para adiar o caos aéreo e poupar quem quer viajar no fim do ano.


Do senador HERÁCLITO FORTES (PFL-PI) sobre o adiamento do pacote prometido pelo presidente Lula para "destravar" a economia.

Contraponto

Revezamento

Vice-governador eleito de São Paulo, o deputado Alberto Goldman chamou colegas tucanos para um jantar de despedida da Câmara, na quarta-feira em Brasília.
-Minha rotina não sofrerá grandes mudanças. Vou continuar acordando às 5h todos os dias, como faço há anos-, explicou Goldman aos presentes.
Um assessor observou que essa muitas vezes é a hora em que José Serra, conhecido notívago, vai dormir.
O deputado Custódio Mattos (MG), que acompanhava a conversa, encontrou uma vantagem nesse arranjo:
-Vocês farão o primeiro governo 24 horas da história!


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