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BC vai exigir dos bancos mais cuidado com políticos
Cônjuges e parentes em 1º grau serão monitorados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central vai começar
a exigir dos bancos uma maior
vigilância sobre operações efetuadas por políticos.
Na lista de cargos que terão
suas transações acompanhadas
mais de perto estão o presidente da República, governadores,
deputados, senadores, ministros, juízes de tribunais superiores, prefeitos de capitais de
Estado, entre outros.
Com a medida, os bancos terão que manter, em seus bancos de dados, uma lista com os
indivíduos que ocupam esses
cargos -chamadas de "pessoas
politicamente expostas".
Parentes de primeiro grau e
cônjuges dessas pessoas também terão suas transações bancárias acompanhadas com
mais atenção pelas instituições.
Esse acompanhamento deverá ser feito pelos bancos de
acordo com a movimentação financeira e o histórico de cada
um desses clientes. Se, por
exemplo, uma pessoa politicamente exposta fizer um depósito que for considerado suspeito
-por causa do valor, ou por
causa de dúvidas quanto à origem dos recursos, por exemplo-, o banco poderá se recusar a completar a transação.
Caso a aceite, deverá informar
imediatamente o BC.
Segundo o BC, a medida foi
tomada com base em recomendações feitas pelo Gafi (Grupo
de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro), órgão ligado
à OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que possui 32
países-membros, além da
União Européia.
Caso venha a público que
operações irregulares foram
efetuadas por políticos sem que
o BC tenha sido informado pelos bancos envolvidos, as instituições financeiras estarão sujeitas a processos administrativos e ações judiciais.
Nos últimos anos, alguns dos
maiores escândalos de corrupção envolveram operações bancárias, ainda que não tenha se
comprovado, até agora, responsabilidade das instituições financeiras com alguma irregularidade. O esquema de repasses do ex-publicitário Marcos
Valério de Souza a políticos,
por exemplo, envolvia operações dos bancos BMG e Rural,
que emprestaram pelo menos
R$ 55 milhões ao publicitário,
que repassou os recursos para o
caixa dois do PT. O ex-publicitário revelou que autorizava
que pessoas ligadas ao esquema
do mensalão fizessem saques
nas agências do Banco Rural de
Brasília e Belo Horizonte.
Além disso, nos dois primeiros anos do governo Lula, o Diretório Nacional do PT também tomou R$ 28 milhões em
empréstimos no Banco do Brasil, no Rural e no BMG.
Durante o governo de Fernando Collor, o Banco Rural
também ficou conhecido por
abrigar as contas fantasmas
operadas por Paulo Cesar Farias, o PC, ex-tesoureiro de
campanha do presidente. PC,
que foi morto em 1996, alegava
que esses recursos provinham
de sobras de doações para as
campanhas eleitorais.
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