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NO AR
Super-homem da massa
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
No início de dezembro, o
SPTV entrou com imagens de
helicóptero, ao vivo, da sede da
Globo em São Paulo. Dezenas
de fãs se acotovelavam, na chegada de um ator de novela à
emissora.
Revelou-se depois, não na
Globo, que as fãs haviam sido
levadas pela emissora. Era um
pseudo-evento.
Nas bancas, agora, uma
manchete de revista descreve o
ator como "superstar". E já outra atriz da mesma novela surgia ontem, no Domingão do
Faustão, descrita como uma
"superestrela".
São celebridades de uma indústria que se auto-sustenta.
Outro exemplo: um telejornal,
sábado, destacou as comemorações do aniversário de São
Paulo por descendentes de italianos, como aqueles da mesma novela das oito.
É assim, cotidianamente, na
Globo como nas demais -de
menor poder de fogo.
Um exemplo diverso: semana
passada, uma entrevista do
ministro da Defesa à revista
"Época", da mesma corporação, recebeu citações seguidas
no Jornal Nacional, Bom Dia
Brasil, Hoje etc.
Um meio alimenta o outro
ou, ainda, o jornalismo alimenta o entretenimento -e
vice-versa.
De outro lado, como se viu no
recente campeonato mundial
de clubes, o jornalismo de uma
emissora nega ou esconde um
evento que tenha transmissão
exclusiva de outra.
Para as superestrelas, sejam
elas atores, jogadores ou políticos, resta adaptar-se, aceitar o
jogo -e torcer para que os oligarcas corporativos os adotem.
No dizer de um pensador
nietzschiano, sobre o que ele
chama de "super-homem da
massa", ou da sociedade do espetáculo:
- Quem não é capaz, hoje,
de inventar representações pessoais, isto é, de tornar-se um
super-homem, está fadado a
morrer como indivíduo.
FHC que o diga.
E-mail: nelsonsa@uol.com.br
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