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SENADO
Renan desistiria da disputa; Quércia critica acerto
Sob muitas críticas, PMDB tenta fechar acordo para eleger Sarney
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da resistência de setores
do partido, tanto na ala que
apoiou Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) como na que se aliou a José
Serra (PSDB) nas eleições, o
PMDB deve fechar um acordo
com o PT para eleger José Sarney
(AP) presidente do Senado, que
pode ser anunciado ainda hoje.
Ontem, o senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no
Senado, dizia que ainda havia
20% de possibilidade de o entendimento fracassar e que, nesse caso, ele disputaria a indicação da
bancada com Sarney. O senador
alagoano é o maior defensor do
acordo na cúpula governista.
É provável que acordo fique restrito ao Senado, por enquanto,
para facilitar a composição interna do PMDB. A questão da Câmara e da direção partidária seriam tratadas posteriormente.
Pelo pacote negociado com o
PT, Calheiros apoiaria Sarney no
Senado. Em troca, ficaria como líder até setembro, quando teria o
apoio do governo e de Sarney para se eleger presidente do partido.
Na Câmara, o líder Geddel Vieira
Lima (BA) seria acomodado em
um cargo da Mesa, abrindo espaço para Eunício Oliveira (CE).
Fechando o pacote, a direção do
PMDB suspenderia a intervenção
no diretório da legenda em São
Paulo. Os dissidentes, por seu turno, recuariam da intenção de fazer uma convenção em fevereiro
para destituir a direção nacional.
A conjunção de tantos problemas
tem dificultado a negociação.
O ex-governador paulista Orestes Quércia disse ontem que não
aceita os termos do acordo, por
entender que ele beneficia apenas
Sarney. Ele classificou o acerto de
"inaceitável" e se disse "pouquinho chateado" com a interferência do PT: "Queremos apoiar o
governo, mas não aceitamos esse
tipo de interferência. Não é muito
bom o governo que teve nosso
apoio não nos apoiar agora".
"Queremos Sarney na presidência, ele é nosso grande líder. Mas
queremos mudar o comando. Entregar o partido a Renan é como
entregar a Temer", disse.
O governador do Paraná, Roberto Requião, também criticou o
acordo: ele considera que o "grupo fernandista", derrotado nas
eleições, tem de deixar a direção
do partido para "os vitoriosos".
Na Câmara, Barbosa Neto
(GO), que é candidato ao cargo de
líder, disse que não aceitava o
acordo, assim como Pedro Simon
(RS), que pretende assumir o lugar de Calheiros no Senado.
Pelo lado da cúpula, o deputado
eleito Moreira Franco (RJ) abandonou as conversas em Brasília e
voltou para o Rio dizendo que o
que estava sendo negociado não
passava de "ação entre amigos".
Já o presidente do partido, Michel Temer, admite suspender a
intervenção no diretório paulista,
mas não abre mão de de seu mandato, que vai até setembro.
Outro aliado da cúpula, o governador Jarbas Vasconcelos (PE),
divulgou nota criticando o acordo: "Não posso concordar nem
com a escolha do nome de Sarney
para o Senado nem com a participação do PMDB no novo governo".
(RAYMUNDO COSTA)
Colaboraram PATRICIA ZORZAN, da Reportagem Local, e EDUARDO DE OLIVEIRA, da Agência Folha
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