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Quércia diz
que acordo é
"inaceitável"
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-governador Orestes Quércia (PMDB) classificou como
"inaceitável" o acordo interno
proposto pela cúpula do partido
para garantir a eleição de José Sarney à presidência do Senado e se
disse "pouquinho chateado" com
a interferência do PT na disputa.
"Queremos apoiar o governo,
mas não aceitamos esse tipo de
interferência", declarou. "Acho
legítimo [o PT querer a eleição de
Sarney], mas não é muito bom o
governo que teve nosso apoio não
nos apoiar agora."
Pela proposta de acordo, a cúpula retiraria a intervenção no diretório da sigla em São Paulo e
apoiaria Sarney em troca do fim
das discussões, pelos dissidentes,
sobre a convenção de fevereiro
que pretende destituir o atual comando da legenda.
Segundo Quércia, a proposta
incluiria ainda a indicação de Renan Calheiros para a liderança do
PMDB no Senado até setembro, e
depois disso, para a presidência
da legenda, e a escolha, pela cúpula, do líder da sigla na Câmara e
também de um dos cargos da Mesa diretora da Casa.
"Queremos Sarney na presidência, ele é nosso grande líder. Mas
queremos mudar o comando. Entregar o partido a Renan é como
entregar a [Michel] Temer [atual
presidente da sigla"."
"E o PT não vai unir o PMDB se
impuser esse acordo. Se fizerem
isso, vão fazer o mesmo que o antigo governo. Acho que isso não
vai acontecer", completou.
Embora considere difícil um
novo acordo, o ex-governador
deixou claro que suas únicas posições "inegociáveis" são a manutenção da convenção e a candidatura de Sarney. Com isso, insinuou que as demais reivindicações de seu grupo -a entrega da
liderança do PMDB no Senado a
Pedro Simon e indicações para a
disputa da liderança da sigla na
Câmara e para cargos na Mesa-
podem ser reconsideradas.
Quércia afirmou que Sarney
concorda com ele. "Para ele seria
interessante resolver, mas ele não
pode nos abandonar." Disse ter
transmitido a posição do grupo
dissidente -formado também
por Simon, pelo governador Roberto Requião (PR) e pelo senador Maguito Vilela, entre outros- ao ministro José Dirceu
(Casa Civil) ontem pelo telefone.
Apesar dos argumentos de Dirceu, Quércia declarou ter deixado
claro no diálogo com o petista que
não aceitará entregar o comando
da sigla a Renan como forma de
compensação por sua desistência
da disputa em favor de Sarney.
Uma nova conversa entre ele e o
ministro foi agendada para o dia
29. No dia 30, os dissidentes fazem uma reunião preparatória da
convenção.
(PATRICIA ZORZAN)
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