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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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Quércia diz que acordo é "inaceitável"

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador Orestes Quércia (PMDB) classificou como "inaceitável" o acordo interno proposto pela cúpula do partido para garantir a eleição de José Sarney à presidência do Senado e se disse "pouquinho chateado" com a interferência do PT na disputa.
"Queremos apoiar o governo, mas não aceitamos esse tipo de interferência", declarou. "Acho legítimo [o PT querer a eleição de Sarney], mas não é muito bom o governo que teve nosso apoio não nos apoiar agora."
Pela proposta de acordo, a cúpula retiraria a intervenção no diretório da sigla em São Paulo e apoiaria Sarney em troca do fim das discussões, pelos dissidentes, sobre a convenção de fevereiro que pretende destituir o atual comando da legenda.
Segundo Quércia, a proposta incluiria ainda a indicação de Renan Calheiros para a liderança do PMDB no Senado até setembro, e depois disso, para a presidência da legenda, e a escolha, pela cúpula, do líder da sigla na Câmara e também de um dos cargos da Mesa diretora da Casa.
"Queremos Sarney na presidência, ele é nosso grande líder. Mas queremos mudar o comando. Entregar o partido a Renan é como entregar a [Michel] Temer [atual presidente da sigla"."
"E o PT não vai unir o PMDB se impuser esse acordo. Se fizerem isso, vão fazer o mesmo que o antigo governo. Acho que isso não vai acontecer", completou.
Embora considere difícil um novo acordo, o ex-governador deixou claro que suas únicas posições "inegociáveis" são a manutenção da convenção e a candidatura de Sarney. Com isso, insinuou que as demais reivindicações de seu grupo -a entrega da liderança do PMDB no Senado a Pedro Simon e indicações para a disputa da liderança da sigla na Câmara e para cargos na Mesa- podem ser reconsideradas.
Quércia afirmou que Sarney concorda com ele. "Para ele seria interessante resolver, mas ele não pode nos abandonar." Disse ter transmitido a posição do grupo dissidente -formado também por Simon, pelo governador Roberto Requião (PR) e pelo senador Maguito Vilela, entre outros- ao ministro José Dirceu (Casa Civil) ontem pelo telefone.
Apesar dos argumentos de Dirceu, Quércia declarou ter deixado claro no diálogo com o petista que não aceitará entregar o comando da sigla a Renan como forma de compensação por sua desistência da disputa em favor de Sarney.
Uma nova conversa entre ele e o ministro foi agendada para o dia 29. No dia 30, os dissidentes fazem uma reunião preparatória da convenção. (PATRICIA ZORZAN)


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