São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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Ação retardada, unificação social cria superministério de R$ 15 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A unificação das políticas da área social em uma superpasta, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, é uma ação retardada do Palácio do Planalto. Para membros do governo, a medida deveria ter sido adotada no início da gestão petista, o que evitaria o desgaste de demitir ministros após apenas um ano. A área social, devido à sobreposição de funções, foi alvo de críticas nos primeiros 12 meses sob Lula.
A avaliação é de assessores ligados a Benedita da Silva (Assistência Social), José Graziano (Segurança Alimentar) e Ana Fonseca (Bolsa-Família) -cujas pastas e programas serão coordenados a partir de agora pelo ministro Patrus Ananias (PT-MG). O orçamento anual do novo ministério pode atingir os R$ 15 bilhões.
Nas pastas em fusão, poucos acreditam que Lula expandirá a unificação de outros programas ao novo ministério, como alguns que, sozinhos, englobam milhões de reais na Educação e na Saúde, por exemplo. Tal investida causaria conflitos internos no governo.
Ao anunciar sua equipe ministerial no início do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria levado em conta motivações políticas e pessoais ao optar por um caminho oposto à unificação.
A criação do ministério extraordinário da Segurança Alimentar e Combate à Fome de uma só vez acomodou o amigo e acadêmico Graziano e ainda deu publicidade e firmou o nome de seu principal programa social, o Fome Zero.
Benedita, com futuro político ainda incerto, deixou o governo, enquanto Graziano e Ana Fonseca tendem a permanecer como assessores especiais do superministro da área social.
No caso de Benedita, houve dois momentos. Em princípio, foi acolhida após a derrota nas eleições ao governo do Rio de Janeiro. Meses depois, após ter viajado a Buenos Aires para participar de um ato evangélico com parte de suas despesas pagas pelo governo, fato que desgastou sua imagem, viu o Planalto transferir algumas de suas principais funções para as mãos de Ana Fonseca, na Secretaria Executiva do Bolsa-Família.
Na semana passada, para tentar segurar Benedita no cargo, assessores de sua pasta enviaram um relatório das ações da Assistência Social ao presidente da República, dando destaque ao cumprimento de todas as metas, mesmo diante de um orçamento enxuto.
Na pasta, a avaliação é que a entrada do PMDB no governo influenciou na queda de Benedita, adversária de Anthony e Rosinha Garotinho no Rio de Janeiro.


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