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DANÇA DOS MINISTROS
Segundo Antônio Pitanga, marido da petista, Lula a demoveu da idéia; ex-ministra não concedeu entrevistas
Magoada, Benedita cogitou abandonar o PT
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra da Assistência Social,
Benedita da Silva, ficou tão magoada com a saída do governo
que chegou a pensar em deixar o
PT. O comunicado oficial da sua
exoneração ocorreu na quarta-feira, em uma reunião rápida com
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Foi ele quem a convenceu a
desistir da idéia.
"[A hipótese de sair do PT] Foi
uma emoção do momento, mas o
próprio Lula a convenceu de que
deveria ficar [no partido]. A Benedita é muito religiosa e tem um
grau de tolerância que eu não tenho", afirmou o ator Antônio Pitanga, marido da ministra, que
ontem se reuniu por duas horas
com o deputado Patrus Ananias
(PT-MG), futuro superministro
da área social do governo.
Segundo assessores, Benedita se
considerou injustiçada com a
exoneração, porque avalia que o
governo relevou o seu passado de
dedicação ao partido.
Em 1998, ela renunciou a um
mandato de mais quatro anos como senadora para ser vice do então candidato ao governo do Rio,
Anthony Garotinho. Depois, em
2002, por pressão da direção nacional do partido, assumiu o governo do Rio em uma situação de
extrema dificuldade financeira e
foi candidata à reeleição a pedido
de Lula. Ela preferia o Senado.
A Folha apurou que um dos
motivos que levou Benedita a ficar no PT, por enquanto, foi a
candidatura de Pitanga a vereador no Rio. Ela pretende se empenhar na campanha eleitoral do
marido. Aliados acham que ela
ainda mergulhará na campanha
de candidatos a prefeitos do interior do Estado. Outro problema
que levou a ministra a repensar a
sua saída foi a falta de identidade
com outro partido. Foi no PT que
Benedita construiu toda a sua carreira política desde 1982.
Durante a semana, a ministra
foi sondada sobre a possibilidade
de ir para a Secretaria de Políticas
para as Mulheres, mas recusou.
Agora, deve tirar férias.
Demonstrando irritação após a
cerimônia da demissão, Benedita
se recusou a dar entrevistas. Sobre
a eventual mágoa em deixar a pasta, disse aos jornalistas que "procurassem os novos ministros".
O humor de Benedita mudou
do início até o final da cerimônia.
Sorridente, recebeu abraço de Patrus. Da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ouviu "parabéns pelo trabalho". Também foi
abraçada pela coordenadora do
Bolsa-Família, Ana Fonseca, e pelo ex-ministro das Comunicações, Miro Teixeira (sem partido),
que deixa o cargo para assumir a
liderança do governo na Câmara.
O ápice de seu desgaste foi a viagem à Argentina, em 2003, para
estar em encontro evangélico.
Para petistas, a ausência do Rio
no ministério e a possibilidade da
transferência de alguns órgãos federais para outros Estados podem
repercutir negativamente na
campanha eleitoral. "Não será
dessa maneira que o partido vai
prestigiar a candidatura do [deputado Jorge] Bittar [a prefeito do
Rio]", disse o deputado Antônio
Carlos Biscaia (PT-MG).
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