|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELIGIÃO X ESTADO
Nova entidade, que inclui políticos petistas, tem como objetivo conquistar mais espaço no governo
Evangélicos criam fórum para pressionar Lula
MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Insatisfeitos com a pouca participação no governo Lula, religiosos e políticos ligados ao PT, à
Igreja Universal do Reino de Deus
e ao ex-governador Anthony Garotinho (PSB) formaram o Fórum
Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp).
O objetivo é pressionar por
mais espaço para os evangélicos
no governo. Participam da fundação do fórum políticos evangélicos com posições bem distintas,
como Marina Silva (ministra do
Meio Ambiente) e o senador Paulo Octávio (PFL-DF), amigo do
ex-presidente Fernando Collor.
Segundo o deputado Walter Pinheiro (BA), ex-líder do PT na
Câmara e da Igreja Batista, os
evangélicos ainda não se sentem
representados nos conselhos de
Segurança Alimentar (Consea) e
no de Desenvolvimento Econômico e Social. "O fórum não deve
pedir ao governo. Quem pede é
mendigo, que fica atrás de migalhas, e o povo evangélico não precisa disso. O fórum tem que dizer
o seguinte: "olha, vocês querem
contar com a gente? Nós estamos
à disposição, mas, se não quiserem, um abraço."
Pinheiro criticou o próprio presidente pela falta de diálogo com
os evangélicos. Ele disse que, em
18 de dezembro, numa reunião
com a bancada do PT, Lula pediu
a ele que marcasse um encontro
com líderes evangélicos, mas a
reunião nunca ocorreu por falta
de espaço na agenda presidencial.
Segundo ele, o ministro-chefe
da Casa Civil, José Dirceu, ligou
para ele e para o senador Magno
Malta (PL-ES), batista, pedindo
nomes de evangélicos para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Os
nomes, porém, não foram incluídos na conselho. Os indicados foram os pastores Silas Malafaia, da
Assembléia de Deus, e Nilson Fanini, presidente da Convenção
Batista Brasileira. "Sugerimos os
nomes, mas eles não botaram
ninguém. Fizeram um papelão. O
problema é que [José] Graziano e
Frei Betto conduzem aquilo como
querem", disse Pinheiro. Graziano é ministro extraordinário de
Segurança Alimentar e Combate à
Fome e principal dirigente do Fome Zero. Frei Betto é amigo e conselheiro de Lula.
"Existe uma mão invisível que
de toda forma quer nos alijar do
processo", afirmou o bispo Robson Rodovalho, presidente do Fenasp e dirigente da Comunidade
Evangélica Sara Nossa Terra.
A nova entidade pretende atuar
de forma similar à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), que representa institucionalmente a Igreja Católica.
Seu Conselho Político é presidido pelo senador Malta e tem entre
seus onze membros o Bispo Rodrigues (PL-RJ), da Universal, o
ex-governador Garotinho, presbiteriano, a ministra Marina Silva,
da Assembléia de Deus, o senador
Paulo Octávio, da Sara Nossa Terra, os deputados Gilmar Machado
(PT-MG) e João Leite (PSB-MG),
ambos batistas, além de Pinheiro.
Com a exceção dos petistas, os
fundadores da entidade apoiaram
Lula apenas no segundo turno.
No primeiro, estiveram com Garotinho. Um segmento de evangélicos não-petistas que apoiou
Lula desde o primeiro turno não
foi convidado para o fórum.
Deste segmento surgiu a primeira reação à entidade. O pastor
Levi Correia de Araújo, da Primeira Igreja Batista de Santo André (SP), considera o fórum um
equívoco porque deixou de fora
os setores que considera mais
progressistas dos evangélicos.
"Há [na diretoria do Fenasp]
muitas pessoas sérias e bem intencionadas, mas a maioria é fisiológica. O PT e o governo estão
fortalecendo setores mais à direita
do movimento evangélico. Eles
querem falar pelos evangélicos,
mas somos diferenciados e não
temos papa."
Texto Anterior: CPI do grampo alcança número mínimo de nomes Próximo Texto: Panorâmica - Mato Grosso do Sul: Acusados de matar prefeita vão a julgamento Índice
|