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PREVIDÊNCIA
Aposentadorias mais tarde para servidores e com valor do salário líquido garantiriam a economia já em 2004
Reforma economizaria R$ 1,7 bi, diz governo
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O apoio dos governadores à nova proposta de reforma da Previdência do setor público foi obtido
graças a contas levadas à reunião
da Granja do Torto na última sexta-feira. Só para os cofres da
União, a mudança representará
uma economia imediata de R$ 1,7
bilhão em 2004 (quase um projeto
Fome Zero) e que atinge a marca
de R$ 52,1 bilhões num período
de 28 anos, até 2032. Isso sem contar com a cobrança da contribuição dos atuais inativos, um ponto
que segue indefinido.
A maior parte da economia é
proporcionada pela principal novidade apresentada aos governadores: as aposentadorias a partir
da reforma serão calculadas com
base no vencimento líquido dos
servidores, já descontado o valor
da contribuição previdenciária,
de 11%. As pensões para familiares teriam uma redução de 30%.
Por não representar perda na
aposentadoria para os atuais servidores e, sobretudo, por não impor um custo extra aos cofres estaduais, a proposta foi saudada
por alguns governadores como
um "Ovo de Colombo". Também
na reunião de Lula com os 27 governadores, ficou definitivamente
descartada a proposta fixar um teto equivalente ao do INSS para a
aposentadoria dos atuais servidores, com a criação de fundos de
previdência complementar.
A proposta representaria um
gasto adicional de R$ 2,1 bilhões
aos cofres da União só em 2004. E
só deixaria de pressionar os cofres
públicos em 2028, segundo projeções feitas pelo Ministério da Previdência. Esses números enterraram a proposta.
Futuros funcionários
O novo modelo previsto no projeto de lei número 9 (PL-09), em
tramitação no Congresso, só valerá para os futuros funcionários,
que entrarem para o serviço público depois da reforma. Esses
passarão a contribuir para o INSS
e para um fundo de previdência
(para um benefício superior ao teto do regime único, atualmente de
R$ 1.561,56).
A União, os Estados e municípios terão de contribuir para o
INSS, na proporção de dois para
um, e também para o fundo de
previdência, na proporção de um
para um: daí o custo extra.
Segundo o texto da "Carta de
Brasília" divulgado no sábado, a
aprovação do projeto contará
com o apoio dos governadores.
A avaliação feita no governo Lula depois do encontro é que a proposta acertada poderá contar
maioria maciça dos votos do Congresso.
Emendas
Os governadores também deram apoio às propostas que dependem de maioria de três quintos dos votos do Congresso a
emenda constitucional. É o caso
da nova fórmula de cálculo da
aposentadoria do setor público e
de acesso ao benefício.
Para se aposentar, os atuais servidores terão de esperar até os 60
anos (homens) ou 55 anos (mulheres). Também terão de contar
20 anos no serviço público e dez
anos no cargo -o dobro do tempo exigido atualmente.
Conforme o texto da "Carta de
Brasília", os direitos adquiridos
serão respeitados. Isso quer dizer
que quem já preencheu os requisitos para se aposentar hoje
-uma mulher aos 48 anos ou um
homem aos 53 que tenham o tempo de carência exigido hoje- poderá se aposentar. Nesse caso, o
governo estuda uma regra de
transição que estimule a aposentadoria mais tarde.
Simulações
As simulações levadas ao Torto
levaram em consideração os servidores civis do Poder Executivo e
do Judiciário.
Deixaram de foram os militares;
para eles, o modelo de aposentadoria segue indefinido.
Outro ponto ainda indefinido
na reforma é se ela vai ou não
atingir os servidores já aposentados na data da reforma. Não está
descartada a possibilidade de o
governo insistir na cobrança de
contribuição de inativos. Em outubro de 99, o então presidente
Fernando Henrique Cardoso obteve apoio dos governadores para
levar a proposta adiante, mas ela
nunca saiu do papel.
A economia a ser produzida pelo novo modelo leva em conta que
a previdência do setor público registrará, sem a reforma, um rombo de R$ 14,3 bilhões em 2004. O
rombo não pára de crescer até
2012, quanto atingiria R$ 16 bilhões. O impacto da reforma nos
Estados será calculado nos próximos 30 dias.
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