DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Articulador político do governo, o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política e Assuntos Institucionais) avalia que o Congresso aprovará uma "solução intermediária" ao analisar a MP (medida provisória) que proíbe o funcionamento dos bingos e das máquinas caça-níqueis.
"Apesar de pessoalmente ter posição reticente em relação aos bingos, acredito que o Congresso tende a legalizá-los, no molde das loterias de hoje, mas com forte fiscalização, para cercar bem esse tipo de atividade", afirma Aldo.
Por "cercar", o ministro entende criar "amarras legais" que dificultem que os bingo sirvam de porta de entrada para o crime organizado, um dos principais argumentos dos críticos da legalização desse jogo. Anteontem, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que o governo deverá defender no Congresso uma legalização dos bingos que seja semelhante ao estatuto das loterias, que são controladas pelo Estado. "Não vejo possibilidade de conceder [os bingos] para a iniciativa privada", disse Thomaz Bastos.
Indagado se as declarações do ministro da Justiça colidiam com as suas opiniões, Aldo respondeu: "Não há divergência. Há opiniões, até parecidas. A posição do governo, até o momento, é a que está na medida provisória. Zerou-se a discussão". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou uma medida provisória na sexta-feira, como resposta ao caso Waldomiro Diniz e às suspeitas de que campanhas eleitorais do PT tenha recebido contribuições de empresários do ramo do bingo.
Waldomiro, homem da confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil), aparece em vídeo gravado em 2002 pedindo propina e contribuição para campanhas eleitorais a um empresário do ramo do bingo. Na época, ele presidia a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), no governo Benedita da Silva (PT). Em 2003, Waldomiro foi nomeado por Dirceu subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, posto no qual cuidava da relação do governo com o Congresso. Ficou no cargo até a revelação do vídeo, quando foi demitido "a pedido".
A medida provisória de sexta-feira passada foi uma mudança radical na posição do governo, que, dias antes, enviara mensagem presidencial ao Congresso defendendo a legalização dos bingos. Um dos principais defensores do bingo é o deputado federal Gilmar Machado (PT-MG), autor de um dos projetos que propõem a legalização desse tipo de jogo.
Indagado se o lobby dos bingos tem força para bancar uma legalização nos moldes como eles vinham funcionando na prática, Aldo acha que não. "O lobby dos bingos é organizado e ativo, mas é pequeno. Não creio que chegue a ter 50 deputados federais. Hoje, há maioria no Congresso pela proibição", afirma Aldo Rebelo.
Na opinião do ministro, há um sentimento majoritário na sociedade contra a legalização. Ele diz ainda que o governo "está pronto e preparado" para defender a legalidade da MP que proibiu os bingos. (KENNEDY ALENCAR)

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