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Waldomiro fica quieto
e tranqüiliza governo
FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz tem mantido comunicação indireta com o
ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu. Os contatos são feitos por
meio de amigos comuns. Waldomiro tem emitido sinais de que
sua estratégia pode ser a de não
prestar depoimento no âmbito
dos inquéritos e investigações instaladas em diversas instâncias.
A estratégia cogitada por Waldomiro é a de falar apenas em juízo, quando eventualmente for
chamado a depor por algum juiz.
Se for chamado pelo Congresso,
poderá ficar em silêncio.
O governo já trabalha com a hipótese de eventual depoimento de
Waldomiro ao Senado, na Comissão de Fiscalização e Controle
-caso dê certo a estratégia adotada até aqui de abafar uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) específica sobre o caso.
Ou seja, há possibilidade de
Waldomiro ficar até meses sem
dar alguma declaração pública
sobre o episódio em que foi flagrado pedindo doações para campanhas políticas e propina para si
próprio.
A estratégia foi usada pelo ex-presidente do Banco Central Chico Lopes que, em 1999, se recusou
a dar declarações numa CPI que
investigava, entre outros fatos, o
episódio da desvalorização do
real em janeiro de daquele ano.
Na ocasião, Lopes tinha como advogado Luiz Guilherme Martins
Vieira, o mesmo que hoje presta
serviços a Waldomiro.
Logo depois que o escândalo
envolvendo Waldomiro ficou público, foi difícil convencer o ex-assessor de Dirceu a ficar calado.
Sua intenção era falar mais com a
imprensa, para dar a versão do
que considerava ser seu entendimento dos fatos.
Quando deu uma entrevista à
revista "Época", no dia 19 passado, Waldomiro não havia ainda
assistido a fita de vídeo em que
aparece pedindo dinheiro a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, empresário do setor
de jogo. Contou o que se lembrava sem saber exatamente como
seria o teor da reportagem.
Os sinais emitidos por Waldomiro têm tranquilizado o governo. O maior temor da cúpula petista no Palácio do Planalto era o
de que o ex-assessor pudesse continuar a falar abertamente sobre
suas atividades.
Waldomiro também recebeu
indicação de que não será abandonado pelos seus antigos superiores -desde que assuma a responsabilidade pelas irregularidades e se mantenha em silêncio.
Publicamente, o governo não
fala sobre o assunto e a maneira
como tem sido a comunicação indireta com Waldomiro. Para consumo externo, José Dirceu continua surpreso com todas as atividades ilícitas reveladas até agora.
Interlocutores do ministro buscam dar a impressão de que o chefe da Casa Civil continua a se sentir traído pelo ex-assessor.
Do lado de Waldomiro, o seu
advogado, Luiz Guilherme Martins Vieira, declara que ainda não
recebeu nenhum pedido para que
seu cliente preste depoimento.
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