|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MST de Rainha invade ao menos 11 áreas no Pontal
Ações dos sem-terra ocorrem desde sábado em 16 municípios do interior de São Paulo
Líder do movimento afirma que protestos são resultado do "descaso" de Serra com a reforma agrária; governo diz que região é "prioritária"
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Pelo menos 11 propriedades
rurais foram invadidas por
agricultores sem terra na região oeste do Estado de São
Paulo desde o último sábado,
segundo a Polícia Civil.
De acordo com informações
dos boletins de ocorrência, cerca de 480 agricultores com
bandeiras do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) participaram das ações.
Não houve relato de danos às
propriedades invadidas.
O líder sem terra na região do
Pontal do Paranapanema, José
Rainha Jr., que está proibido
pela coordenação estadual do
MST de falar pelo movimento,
disse que ocorreram ações em
20 propriedades localizadas em
16 municípios, por cerca de
2.000 famílias, no que denominou de "Carnaval vermelho".
Segundo Rainha, as invasões
são um protesto pelo "descaso"
do governo José Serra (PSDB)
com a realização da reforma
agrária no Pontal. As áreas invadidas, segundo ele, são propriedades improdutivas, já em
processo de desapropriação, ou
terras consideradas devolutas
(pertencentes ao Estado e griladas no passado) pela Justiça.
Para Rainha, o Itesp (Instituto de Terras de São Paulo), órgão responsável pela política
agrária e fundiária do Estado,
está paralisado. Ele criticou
também a lentidão na concessão de licenças ambientais para
a instalação de assentamentos.
O diretor-executivo do Itesp,
Gustavo Ungaro, disse que as
ações do governo em prol da reforma agrária parecem incomodar "os profissionais do conflito, cultores da radicalização,
comprometidos apenas com a
luta político-partidária". O órgão informou em nota que a região do Pontal é "prioritária para a atuação do Itesp",
A coordenação do MST no
Pontal disse que a direção do
movimento reconhece três invasões ocorridas desde sábado:
a fazenda São Luiz, em Presidente Bernardes (580 km de
São Paulo); a fazenda Santo André, em Martinópolis (539 km
de São Paulo) e a fazenda Dumontina, em Mirante do Paranapanema (610 km de São Paulo). Destas, apenas duas foram
confirmadas pela Polícia Civil.
Segundo Cido Maia, diretor
regional do MST no Pontal, as
ações realizadas nos últimos
dias fazem parte da luta do movimento pela reforma agrária,
independentemente de ser período de Carnaval. "Os acampados estão sempre reivindicando porque senão são esquecidos nas margens das rodovias."
Na nota divulgada ontem, o
Itesp afirma que novas áreas
para a reforma agrária estão
sendo obtidas em processos judiciais, e que dois assentamentos foram implantados em janeiro e fevereiro: Porto Maria,
em Rosana, para 41 famílias, e
Santo Expedito, em Teodoro
Sampaio, 29 famílias.
De acordo com o diretor do
órgão, serão instalados mais
dois assentamentos, entre
março e abril: São Camilo, em
Presidente Venceslau, para 25
famílias, e Santa Teresa, em
Euclides da Cunha, para 46 famílias de sem terra. Ungaro diz
que o Itesp investiu no Pontal
mais de R$ 8 milhões desde
2007. "Em todo o Estado, nos
últimos dois anos, foram contempladas com lotes nos assentamentos outras 282 famílias, e
mais 203 adquiriram seus sítios pelo crédito fundiário."
Com CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA , da Reportagem Local, e CRISTIANO MACHADO , colaboração para a Folha
Texto Anterior: Desempregado, caseiro espera pelo fim de ação Próximo Texto: Após mortes em PE, sem-terra abandonam fazenda invadida Índice
|