São Paulo, domingo, 24 de março de 2002

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ELEIÇÕES-2002

Governador quer impedir apoio de prefeitos aos ex-tucanos Welington Landim (PSB) e Sérgio Machado (PMDB)

Tasso tenta barrar dissidências no Ceará

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O governador Tasso Jereissati (PSDB) intensificou nesta última semana suas visitas ao interior do Ceará para fechar o cerco sobre seus aliados e impedir o surgimento de dissidências no partido.
Em tom de despedida do governo estadual, Tasso -que sai dia 5 de abril provavelmente para disputar o Senado- já esteve em 30 dos 184 municípios do Ceará desde o início do ano. Nesta última semana, ele visitou, em média, três municípios por dia.
O governador cearense quer certificar-se de que os prefeitos que garantem a sucessão estadual não caiam na tentação de apoiar os ex-tucanos Welington Landim (PSB) e Sérgio Machado (PMDB), que hoje são os principais nomes de oposição a Tasso no Ceará.
Landim, presidente da Assembléia Legislativa, quando saiu do PSDB, na metade do ano passado, levou junto outros sete deputados para a oposição e controla politicamente alguns municípios na região sul do Estado, o chamado Cariri. Essa também é uma área em que Machado tem apoio. Machado rompeu com o grupo de Tasso em 1998, quando queria concorrer ao governo cearense pelo PSDB, mas foi impedido pelo governador, que se reelegeu.
A possibilidade de rompimento da aliança PSDB-PPS, que tradicionalmente governa o Ceará, por causa da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de verticalizar as alianças, também assusta os tucanos. Isso porque o possível candidato do PPS ao governo é o irmão de Ciro Gomes, Cid Gomes, prefeito de Sobral. Tasso visitou o município anteontem como demonstração de que os dois partidos continuam aliados.
O grupo de Tasso domina a política estadual desde 1987, quando assumiu o governo pela primeira vez, após ser eleito no ano anterior na legenda do PMDB.
Em 1990, já no PSDB, Tasso apoiou a eleição de Ciro Gomes. Em 1994, o mesmo Tasso voltou a ser eleito para o governo do Estado, sendo reeleito em 1998.
Em 2000, o PSDB elegeu 45,1% dos prefeitos no Estado. Para se ter uma idéia da dimensão dessa vitória, basta notar que o PFL maranhense, controlado pela família Sarney, elegeu 33,6% dos prefeitos no Estado, e o PFL baiano, controlado por Antonio Carlos Magalhães, 30,0% dos prefeitos.
Tanto o PTB como o PDT, partidos que compõem a base de apoio a Ciro Gomes, exigem que o grupo tenha um candidato "de verdade" no Estado, competitivo, que possa fortalecer o palanque do pré-candidato à Presidência. O único nome da coligação que se mostrou viável eleitoralmente no Ceará é o de Cid Gomes.
Como mais um instrumento de pressão, na última quinta-feira, o principal líder nacional do PDT, Leonel Brizola, mandou uma carta para os integrantes do partido no Ceará informando que o candidato da coligação deveria ser Cid. Apesar de não confirmar a indicação do irmão para o governo, Ciro já afirmou que o seu palanque no Ceará não será "emprestado" para ninguém.
Além de tentar evitar possíveis dissidências, Tasso também procura costurar novas alianças em suas visitas ao interior do Estado.
O principal namoro que pode se consolidar, até por causa da decisão do TSE, é com o PMDB, o que pode inviabilizar a candidatura de Sérgio Machado ao governo. Tucanos e uma ala do PMDB encabeçada pelo presidente regional do partido, o deputado federal Eunício Oliveira, e pelo prefeito de Fortaleza, Juraci Magalhães, querem fechar o acordo, para tentar dar ao partido uma cadeira ao Senado, que seria de Oliveira.



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