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ELEIÇÕES-2002
Governador quer impedir apoio de prefeitos aos ex-tucanos Welington Landim (PSB) e Sérgio Machado (PMDB)
Tasso tenta barrar dissidências no Ceará
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O governador Tasso Jereissati
(PSDB) intensificou nesta última
semana suas visitas ao interior do
Ceará para fechar o cerco sobre
seus aliados e impedir o surgimento de dissidências no partido.
Em tom de despedida do governo estadual, Tasso -que sai dia 5
de abril provavelmente para disputar o Senado- já esteve em 30
dos 184 municípios do Ceará desde o início do ano. Nesta última
semana, ele visitou, em média,
três municípios por dia.
O governador cearense quer
certificar-se de que os prefeitos
que garantem a sucessão estadual
não caiam na tentação de apoiar
os ex-tucanos Welington Landim
(PSB) e Sérgio Machado (PMDB),
que hoje são os principais nomes
de oposição a Tasso no Ceará.
Landim, presidente da Assembléia Legislativa, quando saiu do
PSDB, na metade do ano passado,
levou junto outros sete deputados
para a oposição e controla politicamente alguns municípios na região sul do Estado, o chamado
Cariri. Essa também é uma área
em que Machado tem apoio. Machado rompeu com o grupo de
Tasso em 1998, quando queria
concorrer ao governo cearense
pelo PSDB, mas foi impedido pelo
governador, que se reelegeu.
A possibilidade de rompimento
da aliança PSDB-PPS, que tradicionalmente governa o Ceará, por
causa da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de verticalizar as alianças, também assusta
os tucanos. Isso porque o possível
candidato do PPS ao governo é o
irmão de Ciro Gomes, Cid Gomes, prefeito de Sobral. Tasso visitou o município anteontem como demonstração de que os dois
partidos continuam aliados.
O grupo de Tasso domina a política estadual desde 1987, quando
assumiu o governo pela primeira
vez, após ser eleito no ano anterior na legenda do PMDB.
Em 1990, já no PSDB, Tasso
apoiou a eleição de Ciro Gomes.
Em 1994, o mesmo Tasso voltou a
ser eleito para o governo do Estado, sendo reeleito em 1998.
Em 2000, o PSDB elegeu 45,1%
dos prefeitos no Estado. Para se
ter uma idéia da dimensão dessa
vitória, basta notar que o PFL maranhense, controlado pela família
Sarney, elegeu 33,6% dos prefeitos no Estado, e o PFL baiano,
controlado por Antonio Carlos
Magalhães, 30,0% dos prefeitos.
Tanto o PTB como o PDT, partidos que compõem a base de
apoio a Ciro Gomes, exigem que o
grupo tenha um candidato "de
verdade" no Estado, competitivo,
que possa fortalecer o palanque
do pré-candidato à Presidência. O
único nome da coligação que se
mostrou viável eleitoralmente no
Ceará é o de Cid Gomes.
Como mais um instrumento de
pressão, na última quinta-feira, o
principal líder nacional do PDT,
Leonel Brizola, mandou uma carta para os integrantes do partido
no Ceará informando que o candidato da coligação deveria ser
Cid. Apesar de não confirmar a
indicação do irmão para o governo, Ciro já afirmou que o seu palanque no Ceará não será "emprestado" para ninguém.
Além de tentar evitar possíveis
dissidências, Tasso também procura costurar novas alianças em
suas visitas ao interior do Estado.
O principal namoro que pode se
consolidar, até por causa da decisão do TSE, é com o PMDB, o que
pode inviabilizar a candidatura de
Sérgio Machado ao governo. Tucanos e uma ala do PMDB encabeçada pelo presidente regional
do partido, o deputado federal
Eunício Oliveira, e pelo prefeito
de Fortaleza, Juraci Magalhães,
querem fechar o acordo, para tentar dar ao partido uma cadeira ao
Senado, que seria de Oliveira.
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