São Paulo, domingo, 24 de março de 2002

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Sem-terra cercaram local em 99 e 2000

DO BANCO DE DADOS

A fazenda Córrego da Ponte está situada no município de Buritis (noroeste de MG) e é formalmente uma empresa agropecuária. A propriedade foi comprada em 89, em sociedade, por Fernando Henrique Cardoso e Sérgio Motta, que viria a ser ministro das Comunicações no governo FHC.
Em 98, com a morte de Sérgio Motta, seus herdeiros venderam a sua parte da fazenda para Jovelino Mineiro, genro do ex-governador de São Paulo Roberto Abreu Sodré e aluno de FHC na França.
No início de 2000, o presidente transferiu aos filhos sua parte. Luciana Cardoso, filha de FHC, e Mineiro administram a empresa.
A Córrego da Ponte já foi alvo de manifestações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em pelo menos quatro outras oportunidades.
Em 1995 e 1998, o movimento ameaçou invadir a propriedade. Em novembro de 1999, cerca de 200 sem-terra e assentados daquela região montaram acampamento na frente da fazenda, lá permanecendo por cinco dias.
Diante da ameaça de invasão, tropas do Exército foram deslocadas para fazer a segurança da fazenda, e os manifestantes só deixaram o local após a promessa feita pelo Incra de liberação de R$ 3 milhões para o plantio em assentamentos do MST na região.

Nova ação
Em setembro de 2000, a ampliação do número dos protagonistas gerou tensão política. Cerca de 300 integrantes do MST voltaram a acampar em frente ao portão principal da fazenda e ameaçaram novamente invadi-la.
Mais de 300 soldados do Exército e policiais federais, no entanto, já faziam a segurança da fazenda desde julho, por determinação do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso.
A presença do Exército e da PF na área gerou uma crise entre o governo federal e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, que deu um ultimato ao presidente para que retirasse as tropas e ameaçou desapropriar a fazenda.
Após 58 horas de "vigília", os sem-terra desfizeram o acampamento. Posteriormente, a Justiça ordenou que FHC ressarcisse a União pelo envio de tropas.


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