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Para Jungmann, ação é "ato de terrorismo"
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) chamou
de "terrorismo", "bandoleirismo"
e "crime" a invasão da fazenda
dos filhos do presidente Fernando
Henrique Cardoso por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Segundo ele, o governo espera
que a Justiça puna exemplarmente os responsáveis pela invasão.
"Não estamos diante de nenhuma situação aguda que pudesse
justificar o injustificável. Esse é
um ato de terrorismo, que alcança
a instituição da Presidência da
República, que é um bem de todos os brasileiros. Todos os brasileiros tiveram simbolicamente as
suas casas invadidas, ocupadas e
violadas", disse o ministro.
Jungmann afirmou que não se
pode relacionar a pauta de reivindicações com o ato da invasão.
"Não se pode fazer nenhuma correlação. Seria aceitar, por exemplo, que, aquele que mata, assalta,
viola, tortura e sequestra tem motivo para fazê-lo. Isso é moral e
eticamente inaceitável."
O ministro, que estava em Recife no momento da invasão, voltou
a Brasília para participar de reunião com o ministro Alberto Cardoso (Gabinete de Segurança Institucional) e o presidente FHC. Às
18h, seguiu para a fazenda Córrego da Ponte, em Buritis (MG).
O general Cardoso disse que o
pedido para a retirada dos invasores foi feito ao juiz de Buritis pelo
advogado da família de FHC.
Segundo ele, já havia uma decisão judicial proibindo a invasão
da fazenda e que, por isso, foi um
duplo delito. "Não só [houve" o
desrespeito à propriedade como
também o desrespeito à uma ordem judicial", afirmou Cardoso.
Por causa da decisão anterior,
tecnicamente, a ação movida foi
um pedido de manutenção de
posse e não de reintegração de
posse. O general Cardoso afirmou
que, após a solução do conflito,
será investigado o motivo pelo
qual o serviço de inteligência não
detectou o risco de invasão.
"Eles [sem-terra] estavam em
plena conversação, acertando os
detalhes de cooperação. Não estavam mobilizados. Estavam ali para negociações com o Incra", disse. Para concluir que o ato não se
tratava de questão fundiária,
Jungmann afirmou que as reivindicações dos sem-terra têm sido
resolvidas e que há processo de
negociação sobre pontos da pauta
apresentada na quinta passada e
ampliada anteontem.
O ministro afirmou ainda que
os invasores "têm terra, crédito e
uma situação acima da média" do
trabalhador brasileiro.
Ao contrário do ministro da
Justiça, Aloysio Nunes Ferreira,
que responsabilizou o PT pela invasão, Jungmann limitou a responsabilidade ao MST ao ser
questionado sobre o que estaria
por trás do ato.
"Quem está por trás é a falta de
respeito, o fracionamento, o ocaso e o desligamento do MST da
realidade do desejo nacional. É lamentável que o movimento descambe para o terrorismo, o bandoleirismo e o crime."
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