São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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PAINEL

Jogo bruto 1
Observadores menos impressionáveis recomendam enxergar mais cálculo do que descontrole na metralhadora disparada por José Dirceu em conversa reproduzida no jornal "O Globo".

Jogo bruto 2
Com o discurso de Tasso Jereissati, uma parte do PSDB ofereceu a Lula uma perspectiva de governabilidade que não a representada pela atual base aliada. Os vitupérios de José Dirceu nada mais foram do que a reação do "dono" da dita base.

Efeito colateral
Ao descarregar sua artilharia pesada sobre Tasso, o tucano que havia defendido Antonio Palocci, o chefe da Casa Civil enterrou de vez a fantasia oficial de que não existe divisão entre ele e o ministro da Fazenda.

Telefone mudo
Os de sempre dirão que Lula está inconsolável. No entanto, chamou a atenção de Tasso e de Aécio Neves, outro tucano esfolado por Dirceu, que nenhum emissário do Planalto os tenha procurado, até o início da noite, para desfazer a saia-justa.

Boca pequena
Dependentes dos votos da oposição para aprovar uma penca de medidas provisórias, poucos petistas se animaram a defender José Dirceu dos desaforos tucanos ontem no Senado. A exceção foi a sempre combativa Ideli Salvatti (SC).

Cheio de energia 1
Convidados de FHC deixaram o jantar de anteontem convencidos de que o ex-presidente está longe da aposentadoria. Quando lhe perguntaram se ainda conversava com Bill Clinton, respondeu: "Eu não, ele agora está fora da política".

Cheio de energia 2
Depois de oferecer um jantar em sua casa a tucanos e pefelistas, Fernando Henrique pretende repetir a dose com um grupo de ex-colaboradores do PMDB.

Solução caseira
O Ministério da Justiça divulga hoje portaria que estabelece convênio com a Infraero para acelerar a fiscalização de embarque e desembarque em portos e aeroportos. O objetivo é diminuir os efeitos da operação padrão retomada ontem pelos agentes da PF em greve.

Emprego temporário
A portaria prevê que funcionários da Infraero serão os responsáveis pela fiscalização de aeroportos enquanto durar a greve. Estarão sempre acompanhados de um delegado da PF -carreira que não está paralisada- e poderão utilizar a força policial quando necessário.

Hora do troco
Na Assembléia paulista, o PT obstruiu a autorização de empréstimo de R$ 1,3 bi que o tucano Geraldo Alckmin pede ao BNDES para saldar dívidas da Cesp. Os petistas atribuem ao PSDB a dificuldade para aprovar, no Senado, a liberação de R$ 290 mi para a capital.

Preço remarcado
Orestes Quércia dirá hoje no Planalto que, sem o posto de vice, o PMDB só apoiará a reeleição da prefeita Marta Suplicy se o ex-deputado Marcelo Barbieri, desligado da assessoria de José Dirceu, for nomeado para cargo "relevante" no governo federal.

Quem te viu
Petistas paulistanos fazem pouco da alegada força de José Dirceu para garantir o apoio do PMDB a Marta Suplicy. Com algum exagero, afirmam que o poder do ministro no PT da capital não é hoje muito superior ao de um vereador no Planalto.

Deságio eleitoral
Ciro Gomes, que há um mês estimava em 1% a chance de deixar o ministério para candidatar-se à Prefeitura de Fortaleza, refez as contas. Afirmou ontem que a probabilidade é de 0,5%.

TIROTEIO

Do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, sobre as críticas disparadas por José Dirceu contra o senador Tasso Jereissati e governadores tucanos:
-As declarações de Dirceu foram um tiro no pé. Ele foi inábil politicamente e descortês pessoalmente, desqualificando ações de quem tenta fazer o que o PT não consegue: garantir a governabilidade do país.

CONTRAPONTO

Ironia tucana

Na noite de segunda-feira, ao chegar ao edifício onde mora Fernando Henrique Cardoso, no bairro paulistano de Higienópolis, José Agripino (PFL-RN) foi cercado por repórteres que davam plantão no local.
A conversa foi rápida. Logo o senador subiu ao apartamento do ex-presidente, onde ocorreria jantar para um grupo seleto de tucanos e pefelistas.
Ao encontrar Fernando Henrique, Agripino perguntou:
-Presidente, os jornalistas querem saber se o Serra vai disputar a eleição em São Paulo. O que devemos dizer a eles?
Presidente nacional do PSDB, José Serra tem declarado que não pretende ser candidato, mas, dado seu expressivo desempenho em pesquisas, a hipótese continua a ser discutida.
Na resposta, FHC exercitou sua conhecida ironia:
-Não se preocupe, eles perguntam porque o Serra pediu.


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