São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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Crise não deve afetar rumo, diz "Financial Times"

DA REDAÇÃO

O jornal britânico "Financial Times" afirma, em editorial da edição de hoje com o título "O desafio de Lula", que as realizações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva nos primeiros 15 meses são "impressionantes" e que o presidente não deve deixar que "os ventos desfavoráveis o afastem de seu curso".
Como ventos desfavoráveis, o diário cita a recuperação econômica "mais lenta do que se esperava" e "crescentes críticas" de aliados e da oposição.
Ontem, o governo Lula já havia sido tema no "FT" da coluna "Observer". O texto afirma que a disputa entre governistas "parece mais com bate-boca em parquinho infantil".
À queda de 0,2% no PIB brasileiro no ano passado, o editorial de hoje já contrapõe a avaliação de que "a maré econômica parece estar virando", com previsões de crescimento de 3% a 4% neste ano, mas afirma que as frustrações crescem por causa do declínio em 2003 e do nível alto de desemprego.
Também diz que os investidores estão nervosos com o ritmo lento na redução da taxa de juros, apesar de o último corte de 0,25% ter sinalizado que o ciclo de queda será retomado.
Entre os problemas enfrentados pelo governo, o "Financial Times" cita ainda o caso Waldomiro Diniz, definido como "um escândalo de corrupção envolvendo um assessor de José Dirceu". Segundo o jornal, o caso criou "uma espécie de vácuo no coração do governo".
Em conseqüência, afirma o editorial, o presidente viu sua gestão sob críticas até em seu partido e recebeu cobranças para deixar "as políticas fiscal e monetária conservadoras".
A resposta de Lula já veio, mas, de acordo com o "FT", precisa ser mais enfática na "defesa das políticas econômicas". O editorial avalia que isso não será fácil, por causa das diferenças de interesses na base aliada, e que o capital político do presidente segue "intacto".
O jornal justifica a necessidade de defesa enfática da política econômica, dizendo que, sem isso, será passada a impressão de que o apoio de Lula à ortodoxia é ambivalente e diminuirá a confiança dos investidores.


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