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Ministério Público aponta "interesse pessoal contrariado"
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Oito associações de classe do
Ministério Público acusaram ontem o ministro José Dirceu (Casa
Civil) de ameaçar retaliações contra a instituição por "interesse
pessoal contrariado" e sugeriu
que ele deixe de lado "sentimentos menores como rancor, egoísmo e vaidade".
"Melhor proveito a nação teria
se o centro das atenções de tão alta personalidade da República se
direcionasse à expansão e ao
aperfeiçoamento das instituições
democráticas, em vez de retaliá-las, desautorizá-las e expô-las, ao
menor interesse pessoal contrariado", afirmam as entidades em
nota à imprensa.
"As grandes personagens da
história que se firmaram como
sujeitos do bem somente lá chegaram quando conseguiram separar, da forma devida, seus desideratos [suas aspirações] particulares dos anseios maiores da população, deixando de lado sentimentos menores como rancor,
egoísmo e vaidade", prosseguem.
Na nota, as oito entidades, que
representam promotores de Justiça e procuradores do trabalho,
disseram que, antes de assumir o
governo, Dirceu sempre os
apoiou contra ataques desse tipo
à instituição. Elas consideraram
graves as declarações do ministro
publicadas no jornal "O Globo".
"Eu quero colocar os pingos nos
is nesse negócio do Ministério Público no Brasil. Não deixar isso
barato, não. O Ministério Público
vem fazendo violências legais a
todo momento e continua", disse
Dirceu e citou o caso do assassinato do prefeito Celso Daniel, de
Santo André, e as apurações do
caso Walmomiro Diniz, ex-assessor da Presidência.
"Causa a todos nós enorme estranheza o volume de agravos que
a instituição passou a sofrer justamente da parte de um dos principais líderes do partido que, antes
de chegar ao poder, sempre se serviu do trabalho desenvolvido pelo
Ministério Público", diz a nota.
O presidente da Associação
Paulista do Ministério Público,
José Carlos Cosenzo, chamou
Dirceu de "oportunista". "No
passado, Dirceu e o PT usaram o
Ministério Público para chegar ao
poder. Hoje o objetivo deles é enfraquecer o órgão. Ele está sendo
oportunista", afirmou Cosenzo.
A nota comenta o desgaste sofrido pelo governo em razão das
suspeitas contra o ex-assessor de
Dirceu Waldomiro Diniz. "Tal
imagem de descrédito deve-se,
em muito, às atitudes protagonizadas por sua excelência e às
alianças pouco convencionais de
sua assessoria mais imediata."
O presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), Nicolao Dino,
defendeu o procurador Marcelo
Serra Azul, que apura o caso Waldomiro Diniz em Brasília.
Dino disse que em tese não há
ilegalidade na requisição por Serra Azul de disquete que contém o
registro da entrada de Waldomiro
na sede da Caixa Econômica Federal em março de 2003.
"Não podemos imaginar retaliações por força do cumprimento
da lei", afirmou Nicolao Dino, baseado na Lei Orgânica do Ministério Público.
As oito associações que assinam
a nota são: do Ministério Público
do Estado do Rio de Janeiro, Nacional dos Procuradores do Trabalho, do Ministério Público de
Rondônia, Tocantinense do Ministério Público, Mato-Grossense
do Ministério Público, do Ministério Público do Estado do Acre,
Sul-Mato-Grossense do Ministério Público e do Ministério Público do Estado do Pará.
Colaborou a Reportagem Local
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