São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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PSDB e PFL já falam em risco à governabilidade

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em jantar na casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, a cúpula do PSDB e a do PFL chegaram a um diagnóstico comum sobre a crise do governo: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco não só de perder a popularidade, mas também o respeito, o que seria um risco à governabilidade.
O anfitrião FHC avalizou a aliança oposicionista entre PSDB e PFL no Congresso, mas advertiu que deve ser exercida sem perder de vista a governabilidade, sem tentar desestabilizar o governo.
Avaliação consensual, segundo a Folha apurou: falta comando a Lula. Essa suposta falha teria duas causas: falta de preparo administrativo dele e sua omissão em relação aos conflitos de governo.
Entre outros, foram ao jantar, pelo PFL, os senadores Marco Maciel (PE), ex-vice presidente da República, e Jorge Bornhausen (SC), que preside a sigla, e, pelo PSDB, o presidente do partido, José Serra (SP), e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Alguns episódios foram lembrados para exemplificar a falta de comando de Lula e o risco da perda do respeito: declaração do presidente da CUT, Luiz Marinho, segundo a qual Lula tomara algumas taças de vinho ao fazer determinado comentário sobre a reforma trabalhista; bloqueio imposto às exportações de soja pelo governador Roberto Requião (PMDB-PR); e boicote da governadora Rosinha Matheus (PMDB-RJ) à construção de oleoduto defendido pela Petrobras.
Para Bornhausen, Lula restabeleceria a autoridade se tivesse demitido o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PL), logo após sua posse, quando o presidente do seu partido, Valdemar Costa Neto, pediu a saída do ministro Antonio Palocci (Fazenda).
PSDB e PFL também tomaram duas decisões: vão se opor à emenda que permitirá a reeleição dos presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e rejeitarão eventual oferta de Lula para um governo de coalizão.


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