São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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Ninguém uniu mais a oposição do que Dirceu, reage Aécio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Os principais governadores do PSDB reagiram ontem às declarações do ministro José Dirceu, segundo quem os governadores não aguentariam um mês sem o governo federal.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, disse que "ninguém uniu mais a oposição do que José Dirceu". Para o paulista Geraldo Alckmin, a polêmica levantada pelo ministro da Casa Civil é "estéril" e não ajuda o Brasil.
José Dirceu disse em tom de crítica, em entrevista ao jornal "O Globo", que Aécio e Alckmin são "pragmáticos" no relacionamento com a União. O ministro atacou outros tucanos e criticou a atuação do Ministério Público.
Para Alckmin, Dirceu não deveria estar em um "bom momento" quando fez as declarações: "Essa polêmica é estéril e não ajuda o Brasil", declarou por meio de sua assessoria de imprensa.
O governador mineiro lamentou que Dirceu tenha atacado os tucanos justamente após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter visitado Minas, semana passada, quando ambos avaliaram ser possível PSDB e PT convergirem politicamente, após 2006.
Aécio Neves, no entanto, afirmou acreditar ser possível que o PSDB e o governo continuem a trabalhar juntos pontos em comum. "Temos de demarcar a nossa frustração, mas vamos ter serenidade para continuar trabalhando juntos", disse o mineiro.
Para Aécio, apesar de sua ação política "incomodar" o governo, ele vai continuar "sensibilizando" os governadores em busca de ações conjuntas, sem se "curvar". Ele afirmou ainda que não quer tratamento "privilegiado", mas que não admite ser "preterido".
Questionado sobre as declarações do ministro, Aécio disse que "não é isso" o que Dirceu tem dito nas conversas que têm mantido.
"Ele sabe que Minas tem feito um esforço enorme do ponto de vista da sua gestão e não quer nada além do que tem direito", disse o governador.

Bombeiro
Em comum, os tucanos criticados por José Dirceu - além de Aécio, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador Tasso Jereissati (CE) - estranharam o fato de ninguém do atual governo haver tentado atuar como "bombeiro" da crise.
Nenhum deles foi procurado por emissários do Planalto ou do PT tentando botar panos quentes na crise, o que, na avaliação tucana, expõe a extensão da divisão existente no governo.
Os tucanos avaliam, também, que a reação de Dirceu ao discurso de Tasso Jereissati defendendo o ministro Antonio Palocci (Fazenda) revela uma divergência bem mais profunda da que era por eles imaginada.

Mais participação
Aécio voltou a defender o Estado federado, com maior participação dos Estados no bolo tributário, discurso que mantém desde a sua posse, em que pese o apoio que ele dá às ações econômicas do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
"Não é possível compreender o país sem o fortalecimento das unidades federadas. Pode ser que o discurso do governador de Minas, às vezes, incomode, e talvez a capacidade que, a partir de Minas, nós temos demonstrado de sensibilizar outras unidades da Federação para atuarmos de forma conjunta", afirmou o governador.
"E nós faremos com que os nossos direitos sejam plena e permanentemente respeitados pelo governo federal", concluiu.


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