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SOCIAL
Estudo descobre 541 milhões de inscritos, 370 milhões a mais que total de habitantes
Registro de cadastros sociais ultrapassa população do país
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal criou no fim
de 2003 um grupo de trabalho para estudar as bases de dados sociais do país, formadas por cinco
cadastros oficiais, e descobriu os
registros de 541 milhões de brasileiros -cerca de 370 milhões de
pessoas a mais do que a população oficial do Brasil. Isso ocorre,
principalmente, devido à duplicidade existente nos cadastros.
O grupo analisou e cruzou informações da Caixa Econômica
Federal, Banco do Brasil, Serviço
Federal de Processamento de Dados (Serpro), DataSus (departamento de tecnologia do Sistema
Único de Saúde) e DataPrev (empresa de tecnologia e informação
da Previdência Social).
A análise vai servir para, entre
outras coisas, aprimorar no futuro o Cadastro Único, que serve de
base para a transferência de renda
unificada do governo federal por
meio do Bolsa-Família, programa
que pretende atender até 2006 a
11,4 milhões de famílias.
Foram contabilizados 541 milhões de registros, feitos ao longo
das últimas décadas em todo o
país. Ao cruzar informações, foram identificados 289 milhões de
dados duplicados. Ainda assim,
restariam 252 milhões de brasileiros. Esse número é 48% maior do
que o total da população brasileira -segundo o Censo 2000, de
169.799.170 de habitantes.
A existência dos 252 milhões de
registros de brasileiros não quer
dizer que todo esse contingente
receba algum tipo de benefício do
governo. Hoje, o governo brasileiro paga aproximadamente 10 milhões de benefícios sociais, incluindo o Benefício de Prestação
Continuada, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o
Bolsa-Escola e o Bolsa-Família.
Segundo Cláudio Roquette, diretor do Departamento de Informações de Dados Sociais, até o
Bolsa-Família, que atende hoje a
3,6 milhões de famílias, corre risco pequeno de duplicidade. Mas
ele não descarta a possibilidade de
haver duplicidade nos outros programas do governo.
Roquette apresentou ontem dados do relatório produzido pelo
grupo de trabalho -intitulado
"Integração de Cadastros Sociais,
um Plano de Implementação"-
no 1º Seminário Nacional do Cadastro Único, em Brasília.
Segundo Roquette, as duplicações no cadastro que não foram
identificadas ilustram, entre outros casos, uma situação comum a
milhares de brasileiros, que é o fato de a mesma pessoa ter tirado ao
longo da vida mais de uma carteira de identidade. Nesses casos
também é comum o nome do
proprietário ser abreviado ou não
obedecer à grafia original. Por isso, afirmou Roquette, é praticamente impossível identificar a duplicidade de registro.
Foram contabilizados pelo grupo de trabalho todos os cidadãos
que possuem PIS (Programa de
Integração Social), Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público), NIT
(Número de Identificação do Trabalhador) e os beneficiários dos
programas sociais de transferência de renda do governo, por meio
do Cadastro Único.
Apesar da duplicação, Roquette
está convencido de que grande
parte dos brasileiros pobres não
integra as bases sociais do país.
O Cadastro Único é hoje uma
das principais ferramentas do
Bolsa-Família. Até dezembro de
2003, 7,9 milhões de famílias tinham sido cadastradas.
O governo paga, por meio do
Bolsa-Família, de R$ 15 a R$ 95
mensais a famílias com renda
mensal per capita de até R$ 100
mensais. A principal condição para que uma família receba o benefício é estar incluída no cadastro.
O governo pretende conceder a
todos os cidadãos um NIS (Número de Identificação Social), que
será usado em toda a rede social
do governo.
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