São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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SÃO FRANCISCO

União tem aval do Ibama, mas obra em rio depende de verbas

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o anúncio da concessão de licença de instalação pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o governo venceu o último obstáculo formal para o início das obras da polêmica transposição do rio São Francisco -projeto de R$ 6,5 bilhões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende concluir ao final do segundo mandato.
Porém, segundo avaliação do Ministério da Integração Nacional, a obra esbarra agora na falta de dinheiro público. Listada entre os projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a transposição dispõe de R$ 38,6 milhões no Orçamento. É pouco diante da dimensão do projeto.
A obra está condicionada à aprovação do projeto de lei do PAC que eleva de R$ 4,5 bilhões para R$ 11,3 bilhões o volume de investimentos federais a serem feitos em 2007 sem impacto nas metas fiscais. A transposição ficaria com R$ 455 milhões extras.
O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, trabalha com um cronograma bem menos acelerado que do o antecessor, Pedro Britto. O início das obras deverá ficar para maio. A primeira etapa será feita pelo Exército, responsável pelas obras nos dois pontos de captação das águas, em Cabrobó e Petrolândia (PE).
O Exército cuidará dos canais de transposição por cerca de três quilômetros ao longo dos dois eixos do projeto (Norte e Leste), até as duas primeiras estações de bombeamento das águas do São Francisco. Dali pra frente, as obras serão repassadas a empresas privadas, que disputam licitação de R$ 3,3 bilhões. Esse deve ser o maior negócio dos dois mandatos do governo Lula com dinheiro dos tributos da União.
A expectativa do ministério é que 40 empresas entreguem propostas até 9 de maio. Nove conjuntos de bombas já foram encomendados pelo ministério poucos dias antes da troca de titulares, por R$ 145 milhões.
A obra atingirá quatro Estados: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Ao conceder a licença de instalação, o Ibama determinou ao Ministério da Integração Nacional o cumprimento de condicionantes. Entre elas está a prioridade para a contratação de trabalhadores da região atingida pela obra. O Ibama também determina o reassentamento da população das margens dos canais da transposição em áreas com potencial para a agricultura, com garantia de "reprodução econômica e cultural da família, independentemente do custo".


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