São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Tucano rebate crítica do FMI

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas do diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Michel Camdessus, de que o país está pagando um preço elevado por ter adiado mudanças na política cambial por causa do período eleitoral.
Sem citar o nome do dirigente do Fundo, FHC disse que esse tipo de crítica é um "ledo engano". Segundo ele, "havia convicção, sobretudo por parte dos que dirigiam e dirigem a economia, de que era preciso persistir (...) na política de estabilização da economia".
Na semana passada, Camdessus afirmou que "os brasileiros estão pagando um preço elevado pelas variações apresentadas pelo governo no período eleitoral e pós-eleitoral" e que "a recessão atual deve-se a erros cometidos pelo governo brasileiro e não ao programa imposto pelo FMI".
FHC afirmou que "a idéia fixa do governo" sempre foi a de que, sem a estabilidade, não se conseguiria "ter condições de levantar no país as energias necessárias para uma integração competitiva".
Em vez de recessão, como disse Camdessus, o presidente preferiu dizer que o país está "em relativa depressão" econômica, mas que, a despeito das turbulências pelas quais está passando o país, "já se vê luz no fim do túnel".
Em outra crítica indireta ao FMI, o presidente disse que a promessa de superávit fiscal de 3% feita ao organismo no último acordo "é muito", "muitíssimo" para a economia de um país como o Brasil.
O presidente afirmou que apesar de essa ser uma grande exigência, hoje ele tem "tranquilidade" para dizer que vai criar esse superávit, pois o Congresso lhe deu as condições para tanto.
"E muita gente que fala em cortar mais não sei quantos pontos do PIB é porque nunca se sentou numa cadeira responsavelmente para tomar decisões, que sabe que a decisão afeta o povo", afirmou.
"Há limites para isso! O mercado emite sinais, mas o governo corrige esses sinais impondo limites para essa espécie de voracidade para que o governo "corte, corte, corte, corte'."
Segundo Fernando Henrique, ele sempre manterá "um olho na questão social" para saber se os programas no setor vão ser ou não atingidos. "Não podem ser atingidos", afirmou no discurso de quase 50 minutos diante de empresários reunidos em seminário na CNI (Confederação Nacional da Indústria).



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