São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Presidente cita a Terceira Via

da Sucursal de Brasília

Ao sancionar a lei do Terceiro Setor, que facilita parcerias entre o governo federal e instituições sem fins lucrativos da área social, o presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou que as discussões sobre esse novo campo de atividade econômica estão no marco da Terceira Via.
A Terceira Via é um ideário defendido pelo premiê britânico, Tony Blair, que prevê um conjunto de ações típicas da social-democracia, como a ênfase em setores sociais, aliado ao liberalismo econômico. Ainda difuso teoricamente, esse ideário foi encampado pelo colega alemão de Blair, Gerhard Schroeder, eleito ano passado.
"Nós aqui no Brasil, por razões compreensíveis, porque ainda temos de montar as nossas estruturas, nos concentramos muito nas grandes reformas", disse FHC.
O presidente afirmou que nomear esse conjunto de idéias de Terceira Via é simplificar o movimento. "Não sei se seria necessário fazer referência a novas vias. É mais do que isso. Existe uma movimentação que, no início, é cultural (...) que tem consequências nas relações microssociais e que, depois, tem peso político."
De acordo com ele, nos países que resolveram seus problemas estruturais, as bandeiras que definem o que é avançado são comportamentais.
O presidente elogiou o diálogo entre a sociedade civil e o Congresso na aprovação da nova lei. "Esse é o sinal de que estamos caminhando não diria na via rósea, porque as turbulências financeiras não me deixam dizer isso, mas em um caminho de convergência, em uma via que não quero qualificar se é primeira, segunda ou terceira, mas que é uma via boa."
Sobre o momento político, FHC brincou com alguns presentes na reunião. "Às vezes, os sinais estão trocados: os antigos reacionários são os progressistas de hoje. Eu não diria o contrário dos progressistas de ontem, porque tenho medo de que muitos estejam aqui."
Augusto de Franco, do Comunidade Solidária, articulador da nova lei, foi do PT até 1994. Estavam também presentes na cerimônia Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Ruth Cardoso.
A lei sancionada simplifica os trâmites exigidos para o reconhecimento pelo governo das entidades da sociedade civil e para a relação entre elas e o Estado.Essas entidades passarão a ser classificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.



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