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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

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PT vai usar acordo para pressionar a oposição

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, José Genoino, disse ontem que o governo vai usar o acordo feito entre o presidente Lula e os governadores como forma de pressionar os deputados e senadores da oposição a votar a favor das reformas.
Segundo a estratégia, firmada entre Genoino e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, os governadores do PSDB e do PFL serão cobrados a cada declaração ou atitude contrária às reformas feita pela liderança no Congresso.
"Qualquer declaração dos líderes, vamos cobrar dos governadores", disse Genoino. No encontro, ficaram definidos os pontos principais das duas reformas.
Além de tentar obter uma maioria segura para a aprovação das propostas -que exigem a votação favorável de três quintos dos congressistas-, a ação visa também reforçar a mensagem de que a cobrança de contribuição dos servidores inativos que ganham acima de R$ 1.058, um dos pontos mais polêmicos da reforma da Previdência, beneficia muito mais os governadores do que a União.
Isso se daria porque os salários do funcionalismo dos Estados são bem mais baixos dos que os pago pela União, ou seja, um limite maior para a contribuição deixaria de fora da taxação muitos servidores estaduais, o que diminuiria a arrecadação estadual.
"Só tem quatro governadores do PT. Todos os 27 pactuaram com os pontos, ou seja, é um jogo combinado, não vamos ficar na defensiva nessa questão", afirmou Genoino, que se encontrou ontem com José Carlos Aleluia (BA), líder do PFL na Câmara.
Aleluia e a cúpula do PFL ameaçam votar contra a taxação dos inativos. "Falei para o Aleluia: "Como você é contra se o governador Paulo Souto [PFL-BA] estava lá [no encontro com Lula] e assinou o acordo'", disse Genoino.
Aleluia afirmou que não iria comentar os pontos das reformas nem as táticas que o governo pretende utilizar. "Quero que o presidente Lula faça sua proposta, quero ver a proposta do presidente." O fato é que, paralelamente à ação oposicionista, o governo se preocupa também com a base aliada.


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