WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A uma semana de enviar as reformas tributária e da Previdência ao Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem um recado aos congressistas: eles têm liberdade para discutir e mudar as propostas do governo, mas chegou a hora de tomar uma decisão. "Na reunião com os governadores [no último dia 16, na Granja do Torto, em Brasília], nós tivemos a nítida consciência da independência, da autonomia do Congresso Nacional para discutir com quem quer que seja, para mudar aquilo que entenda que deva mudar", disse Lula.
"Entretanto, chegou o momento da história do Brasil em que a gente vai ter de decidir se nós queremos continuar com um país onde menos de 50 milhões têm acesso a bens materiais ou se nós queremos um país onde todos os seus filhos e filhas têm acesso aos bens materiais que nós produzimos."
Lula aproveitou uma solenidade sobre o Programa Brasil Alfabetizado na CNI (Confederação Nacional da Indústria) para falar sobre as reformas.
Segundo o presidente, o Brasil precisa assumir um compromisso consigo mesmo.
"Durante muitos e muitos anos, nós chorávamos pelos quatro cantos do mundo, sempre tentando encontrar alguém para a gente justificar a nossa ineficácia."
Enquanto discursava na CNI, que financia o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), onde fez curso de torneiro-mecânico, Lula saiu do discurso escrito que estava lendo e começou a se lembrar do seu passado operário. "Vivi o melhor momento da minha vida no Senai. Foi lá que eu saí do salário mínimo. E como é bom sair do salário mínimo. Como é bom você ganhar uma merrequinha assim, depois você ter uma profissão, você sair com uma carteira profissional e você escolher [um emprego]."


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