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PT SOB SUSPEITA
Documentos mostram depósitos de R$ 65 mil em favor de Sérgio Gomes, ligado à Prefeitura de Santo André
Acusado recebeu dinheiro de empresário
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis comprovantes bancários
obtidos ontem pelo Ministério
Público paulista registram depósitos do empresário de ônibus de
Santo André Luiz Alberto Gabrilli
Filho em uma conta de Sérgio Gomes da Silva, acusado de participar de um esquema de extorsão
na prefeitura da cidade.
Os depósitos em dinheiro, feitos
em 97 e 98, somam R$ 65 mil. Os
comprovantes foram repassados
aos promotores pela filha do empresário, Rosângela Gabrilli, que
denunciou o suposto esquema de
cobrança de propina há um ano.
"Achei os papéis por acaso, durante o feriado de Páscoa, enquanto revirava alguns documentos do meu pai", disse ela.
Gomes da Silva, apesar de nunca ter ocupado um cargo na administração municipal, era amigo
do prefeito assassinado Celso Daniel (PT) e, segundo os promotores, exercia uma influência "parda" dentro da prefeitura.
Por meio de seu advogado, Gomes da Silva negou ter recebido
qualquer valor da família Gabrilli.
Para os promotores criminais
de Santo André, no entanto, os recibos comprovam a acusação do
empresário de que tinha de pagar
propina à prefeitura petista como
forma de garantir o contrato de
sua empresa com o município.
A cobrança, segundo a família
Gabrilli, só cessou após a morte
de Celso Daniel, em janeiro do
ano passado -o ex-prefeito era o
coordenador de campanha do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi substituído, após seu assassinato, por Antonio Palocci Filho, hoje ministro da Fazenda.
Exceção
Segundo Rosângela, os depósitos apresentados ontem são exceções dentro do esquema de propina. Até "encontrar" os recibos, ela
vinha afirmando que todos os pagamentos eram repassados pessoalmente em dinheiro ao grupo.
"Meu pai era o único que conhecia esses papéis. Ele não me contou porque está muito doente",
afirmou a empresária.
Pelos seis comprovantes, os depósitos foram feitos em dinheiro
em três datas: 30 de setembro e 30
de outubro de 1997 e 30 de dezembro de 1998. Em cada dia, foram
dois depósitos em horários diferentes, todos na mesma conta do
banco Banespa, a crédito de "Sérgio Gomes da" (o nome aparece
incompleto no registro bancário).
"Não sei o que ocorreu de anormal para que a propina fosse depositada", disse a empresária, que
rejeitou a possibilidade de se tratar de um homônimo.
À Promotoria, Rosângela entregou ainda anotações sobre valores de propina e empresas de ônibus da cidade. Os papéis, no entanto, não indicam o autor do texto ou sua origem.
"O importante para o Ministério Público são os recibos bancários. É a prova de que Sérgio Gomes recebeu dinheiro. Agora é
ele, que sempre disse não ter ligação com a família Gabrilli, que
precisa justificar os seis depósitos
em sua conta corrente", afirmou o
promotor criminal de Santo André José Reinaldo Carneiro.
A investigação da Promotoria
atinge ainda o vereador Klinger
Luiz de Oliveira (PT) -ex-secretário de Serviços Municipais- e
o empresário de ônibus Ronan
Maria Pinto. Todos foram denunciados (acusados formalmente)
por crimes de formação de quadrilha e extorsão, mas a denúncia
anda não foi recebida pela Justiça.
Uma parte do dinheiro arrecadado, segundo familiares do prefeito assassinado, serviu para financiar campanhas políticas do
PT. O partido sempre negou práticas de atos irregulares.
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