São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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Deputado é alvo de ação perversa, diz Marina

Para pré-candidata do PV, Ciro Gomes será afastado da corrida presidencial por "intolerância democrática" de aliados

Em blog, senadora afirma que "os mesmos grupos que trabalharam para tirar Ciro da disputa presidencial tentarão agora assimilá-lo"

BERNARDO MELLO FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em texto publicado ontem à noite em seu blog, a senadora Marina Silva (PV-AC) atacou duramente o veto do PSB à pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (CE) à Presidência.
Ela classificou a decisão de "retrocesso democrático" e afirmou que o ex-colega de ministério foi vítima de ação "perversa" dos próprios aliados.
"Assistimos agora, com o veto à candidatura de Ciro Gomes, a uma expressão exemplar desse tipo de intolerância democrática", escreveu. "Não é admissível que se queira manipular o direito de escolha por meio da redução forçada do leque de opções."
Numa referência às articulações do PSB para embarcar na candidatura de Dilma Rousseff (PT), Marina acusou os políticos que articularam a implosão de Ciro de não admitirem a alternância de poder no país.
"É fácil prever que os mesmos grupos que trabalharam para tirar Ciro da disputa presidencial tentarão agora assimilá-lo", afirmou. "Os que costumam agir dessa maneira são aqueles que têm dificuldade em transformar a visão democrática em ação e não admitem a alternância de poder."
Segundo Marina, os mesmos políticos "buscam eliminar os adversários que querem disputar legitimamente a preferência dos eleitores". "Depois, tentam se colocar como o único hospedeiro possível para que os expurgados consigam sobreviver na vida pública", emendou.
Num claro aceno em busca do apoio de Ciro, que saiu atirando contra Dilma e José Serra (PSDB), a senadora insinuou que ele agora deve ser cortejado para apoiar a petista.
"Aquele que foi empurrado para fora do processo passa então a ser apontado como bom companheiro, patriota, desde que aceite ser assimilado por aqueles que articularam o seu expurgo", previu. "Perde o país, perde a democracia."
O ataque de Marina contrastou com o silêncio de Serra e Dilma, que lideram as pesquisas de intenções de voto. O tucano se recusou a comentar a retirada da candidatura Ciro, e a petista evitou o assunto até o fechamento desta edição.
Desde o início da pré-campanha, Marina tem feito gestos de aproximação com Ciro, de quem foi colega de Esplanada entre 2003 e 2006 -ela no Ministério do Meio Ambiente e ele no da Integração Nacional. A senadora gosta de elogiar seu comportamento no processo de licenciamento ambiental das obras de transposição do rio São Francisco.


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