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Mercadante diz que PT agora está unido
Pré-candidato ao governo paulista afirma que PSDB e DEM estão muito divididos em relação à candidatura de Alckmin
Senador -que terá a sua pré-candidatura ao governo lançada hoje- diz que não adianta explicar caso dos "aloprados" aos adversários
Jorge Araujo/Folha Imagem
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O senador Aloizio Mercadante, que será lançado hoje pré-candidato do PT ao governo paulista, durante entrevista na sede do partido, no bairro da Bela Vista
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
O senador Aloizio Mercadante, 55, inicia oficialmente hoje a
tarefa de tentar levar o PT pela
primeira vez ao governo de São
Paulo. É a segunda vez que ele
concorre ao cargo. Na primeira,
em 2006, sua campanha foi
chamuscada pelo escândalo da
compra de um dossiê contra
seu então rival José Serra
(PSDB), o episódio dos "aloprados", como batizou Lula.
Apesar de não ter sido o plano A -o PT e Lula apostavam
em Ciro Gomes (PSB)-, o senador assume a tarefa com o
partido apaziguado. Desta vez,
Mercadante aposta suas fichas
no desgaste dos tucanos, há 16
anos no poder, e na falta de
unanimidade dentro do PSDB
em torno de Geraldo Alckmin
como candidato ao governo.
FOLHA - Por que o sr. quer ser governador?
ALOIZIO MERCADANTE - Porque eu
acho que São Paulo merece
muito mais do que tem hoje. É
um Estado fantástico, que tem
a melhor base industrial do
país, os melhores serviços, universidades, centros de tecnologia, tem uma agricultura moderna, a mais produtiva do país.
No entanto, nestes 27 anos, tivemos o mesmo grupo se alternando, estão todos juntos novamente, querem trazer de volta alguém que já foi vice-governador e governador por 12
anos, enquanto os problemas
fundamentais que são de competência do Estado não evoluíram como deveriam. Ao contrário, estamos assistindo o
Brasil com reconhecimento internacional com dinamismo
com energia e São Paulo perdendo sua liderança.
FOLHA - O slogan de sua pré-campanha é "São Paulo a favor do Brasil". São Paulo está contra o Brasil?
MERCADANTE - Acho que São
Paulo precisaria estar em sintonia com esse momento extraordinário que foi construído
no país. São Paulo sempre foi a
locomotiva do país, e hoje não
é. Está perdendo a liderança na
educação, na segurança, no
crescimento econômico, no desenvolvimento. [...] Eu sinto
que é um governo que está sendo superado pelos fatos. [...] Eu
acho que São Paulo precisa de
outro caminho, São Paulo merece muito mais.
FOLHA - A Lula o sr. pediu algo em
troca da candidatura, caso perca?
MERCADANTE - A única condição
que eu pus é que eu vou lutar
pela vitória e que eu tenho certeza que ele vai se empenhar na
nossa candidatura. E ele vai. Isso é o que importa nesse momento, porque nunca tivemos
o Lula com o apoio popular que
tem hoje. É um cenário muito
favorável e acho que a despedida do Lula vai emocionar o Brasil e criar uma sensação de vazio na política e no cenário internacional. Isso vai ser um fator decisivo para a vitória da
Dilma e para a nossa vitória.
FOLHA - O sr. viveu muitas dificuldades no Senado, onde teve derrotas. Qual foi o momento mais difícil?
MERCADANTE - Ser líder do governo numa situação de minoria, como eu fui, tudo foi difícil.
Cada projeto que nós aprovamos exigia negociação, mobilização, argumentação. Líder do
governo é que nem São Sebastião, cada dia uma flecha.
FOLHA - Em agosto, quando o senhor anunciou sua renúncia "irrevogável" e voltou atrás, foi um deles?
MERCADANTE - Eu fiquei muito
indignado com a situação do
Senado, principalmente com
aquele capítulo lamentável de
atos secretos. A administração
pública tem de ser transparente. [...] Eu, me dedicando como
me dedicava ao meu mandato,
trabalhando como trabalhava
para sustentar o governo...
Nunca fui da Mesa, nunca quis
ir para a Mesa [...] Você vê aquilo tudo... Eu disse "não". Porém
todos os senadores do partido e
do bloco pediram para eu ficar.
E o presidente Lula disse "Mercadante, você tem que ficar na
liderança, é essencial para o
projeto, para o país". Eu tenho
um compromisso com o projeto e, apesar de me sentir muito
incomodado com o que aconteceu, achei que era melhor mudar de posição, mas nunca mudar de lado. Meu lado sempre
foi o mesmo, ao lado do presidente Lula e ao lado desse projeto que ajudei a construir.
FOLHA - Então o sr. se precipitou no
Twitter [onde anunciou a renúncia]?
MERCADANTE - Não. Eu manifestei meu sentimento, minha
vontade, que é essa. A minha
indignação. Pelo menos, não fiz
o que outros fizeram, foram ao
cartório e escreveram que não
iam ser candidatos ao governo
de São Paulo, que iam continuar até o final do mandato e
deixaram o compromisso. Em
política, as vezes a gente tem fatos novos que tem que avaliar.
FOLHA - Está preparado para ver o
episódio dos "aloprados" voltar?
MERCADANTE - Têm coisas na vida que para os amigos você não
precisa explicar, para os desconhecidos você deve explicar, na
vida pública é melhor ter toda a
transparência. E para os adversários não adianta explicar. Inclusive para alguns veículos [de
comunicação]. Não adianta.
FOLHA - Para atacar o candidato
tucano, a candidata do PT terá que
falar de São Paulo. Isso o ajuda?
MERCADANTE - Ajuda o fato de
que estamos muito unificados,
ampliamos as alianças, e eles
estão muito divididos. O governador interino disse que o
Alckmin não é o melhor candidato deles. Isso mostra que há
uma tensão. Também com [o
prefeito da capital, Gilberto]
Kassab [DEM] e mesmo para o
Senado não há definição.
FOLHA ONLINE
Leia a íntegra da
entrevista de Mercadante
www.folha.com.br/1011318
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