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VIAGEM AO ORIENTE
Conclusão da ferrovia Norte-Sul, fabricação de álcool e modernização de áreas portuárias são setores que mais interessam aos chineses
Trem e porto atraem investimentos da China
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
Os projetos brasileiros com
mais chances de receber investimentos chineses em curto prazo
são a conclusão da ferrovia Norte-Sul, a modernização dos portos
de Itaqui (MA) e Santos (SP) e a
irrigação de cana-de-açúcar na
Bahia para fabricar álcool etanol.
Brasil e China assinam hoje o
protocolo de entendimentos que
abrirá caminho para os investimentos chineses na infra-estrutura brasileira, um dos principais
pontos da visita que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva realiza
no país asiático desde sábado.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, disse ontem em
Pequim que o governo brasileiro
apresentou às autoridades chinesas todos os projetos que poderiam receber investimentos dentro do modelo da PPP (Parceria
Público-Privada). De todos, os
que despertaram interesse da
China foram ferrovias, portos e
produção de etanol.
Dona da maior população e da
economia que mais cresce no
mundo, a China considera crucial
garantir o suprimento de produtos agrícolas e de matérias-primas
para suas empresas. Por isso, tem
interesse em melhorar o sistema
brasileiro de escoamento de soja e
de minério de ferro, usado na produção de aço.
Outra área de interesse é a produção de álcool etanol, combustível alternativo ao petróleo. Segundo Mantega, a China pretende investir US$ 600 milhões (R$ 1,8 bilhão) em dois projetos de irrigação na Bahia.
"O protocolo que será assinado
é o coroamento de um processo
que se desenvolveu por vários
meses, quando missões chinesas
foram ao Brasil e missões brasileiras vieram à China", disse.
A ministra de Minas e Energia,
Dilma Rousseff, acredita que a
área energética é uma das que
apresentam mais oportunidades
de negócios entre os dois países.
O primeiro passo nessa direção
será dado hoje com a assinatura
de acordo de cooperação entre a
Petrobras e a estatal chinesa de
petróleo Sinopec.
Lula inaugurou ontem o escritório da Petrobras em Pequim e
afirmou que, como o Brasil, a empresa chegou na China "para ficar". "A Petrobras é uma empresa
genuinamente nacional que, cada
vez mais, volta-se para o exterior.
É um exemplo para as empresas
brasileiras de como se pode integrar à globalização de forma competitiva", afirmou Lula.
Também hoje a Vale do Rio Doce fecha um acordo com a chinesa
Chalco, uma das maiores produtoras de alumínio do país (leia
texto nesta página).
A ministra de Energia disse que
espera ver a Sinopec participando
ao lado da Petrobras da sexta rodada de licitação de áreas de exploração pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), em agosto.
Rousseff teve contatos com várias companhias chinesas que
manifestaram interesse em investir no Brasil na produção de equipamentos para a indústria energética -incluindo gasodutos e
geração de energia.
A ministra também lidera o
lobby brasileiro para que a China
adote combustíveis alternativos,
como o álcool e o biodiesel, produtos que o Brasil fabrica com
vantagens tecnológicas. O lobby
brasileiro incluirá a atuação do
presidente Lula como "garoto
propaganda" do álcool. Em Xangai, segunda etapa de sua viagem
à China, Lula vai dirigir um Fiat
flex-fuel, carro que usa tanto álcool como gasolina.
Ainda hoje serão assinados 11
acordos entre os dois países, que
cobrem de investimentos a turismo. Lula e o presidente Hu Jintao
também divulgarão um comunicado conjunto, documento no
qual tornarão explícitas as posições comuns sobre temas relevantes do cenário internacional.
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