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Vale e empresa
chinesa investem
US$ 1 bi no Brasil
GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
A Vale do Rio Doce irá fechar
hoje um acordo com a empresa
chinesa Chalco, uma das maiores
produtoras de alumínio da China,
para a construção de uma nova
planta industrial para produção
de alumina (matéria-prima para a
fabricação do alumínio) em Barcarena, no Pará. Segundo Roger
Agnelli, presidente da Vale do Rio
Doce, o investimento das duas
empresas irá superar a casa de
US$ 1 bilhão no ano que vem.
De acordo com Agnelli, a planta
de alumina irá viabilizar a mina
de bauxita de Paragominas, a segunda maior do mundo, também
localizada no Pará, que estava parada devido a divergências com o
governo do Estado. O governo do
Pará não tinha liberado a licença
ambiental para utilização da mina, o que fazia com que a Alunorte, a fábrica de alumina situada
próxima à mina, ficasse inativa, já
que a bauxita é a principal matéria-prima da alumina.
Depois de um bom tempo de
disputa, a Vale decidiu passar a
importar a bauxita da Guiana para poder acionar os motores da
Alunorte. Depois de a Vale ter
passado a importar bauxita, o governo paraense liberou a licença
ambiental. Só que a Vale já tinha
se comprometido a importar o
produto da Guiana.
Para viabilizar a mina de Paragominas, a solução encontrada
pela Vale foi a de buscar um parceiro para realizar estudos com o
objetivo de saber se seria viável ou
não a construção de uma Alunorte 2. A Chalco foi a escolhida e
aceitou participar do projeto.
A nova fábrica tem início de
produção previsto para 2007 e
meta de 1,8 milhão de toneladas.
Desse total, metade seria exportada pela Chalco para a China.
A mineradora brasileira irá assinar hoje também mais dois memorandos de intenção de investimento. Um deles será de estudos
para a construção de uma usina
siderúrgica com a Baosteel, um
projeto que também deverá superar US$ 1 bilhão, segundo Xie Qi
Hua, presidente da Baosteel.
Hua, considerada uma das mulheres mais poderosas da China,
disse ainda que a Baosteel tem
muito interesse em participar de
diversos projetos em parceria
com a Vale. Além desses acordos,
a Vale também irá firmar acordos
para a participação em algumas
minas de carvão com as chinesas
Yongcheng e Yankuang.
Polêmica da soja
No campo agrícola, o ministro
da Agricultura, Roberto Rodrigues, terá uma reunião hoje, em
Pequim, com o Ministério da
Quarentena chinês para se retratar do incidente ocorrido com a
descoberta de um navio com soja
contaminada exportada do porto
do Rio Grande, no Rio Grande do
Sul, para a China. "Vamos mostrar que o governo está muito
aborrecido com o incidente", diz.
Segundo ele, o Brasil irá tentar
convencer o governo chinês de
que o incidente foi um desvio ocasional e que não se repetirá. O ministro diz que o governo está investigando as causas do incidente
para encontrar o responsável.
Para corrigir o problema, Rodrigues afirma que o governo irá
adotar uma série de medidas para
melhorar o controle e a fiscalização da soja exportada. Entre elas,
a mudança na legislação para exigir maior rigor na certificação do
produto que deixa o país.
A retratação do governo se justifica pelo fato de o governo chinês
ter ameaçado suspender as importações de soja do país. A soja é
o segundo produto mais exportado do Brasil para a China, abaixo
apenas da venda de minério de
ferro. O valor da venda da soja
atinge US$ 1,3 bilhão por ano.
De acordo com Rodrigues, há,
atualmente, 30 navios carregados
de soja para desembarcar na China. Desse total, cinco partiram do
porto do Rio Grande, dos quais
dois retornaram devido a sementes contaminadas.
Na reunião de hoje, também deverá ser assinado um memorando
de intenções para um acordo fitosanitário que abra a possibilidade
de exportação da carne "in natura" para a China. A venda de carne "in natura" está fechada desde
a descoberta de febre aftosa no gado brasileiro, há três anos.
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