São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2004

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Vale e empresa chinesa investem US$ 1 bi no Brasil

GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

A Vale do Rio Doce irá fechar hoje um acordo com a empresa chinesa Chalco, uma das maiores produtoras de alumínio da China, para a construção de uma nova planta industrial para produção de alumina (matéria-prima para a fabricação do alumínio) em Barcarena, no Pará. Segundo Roger Agnelli, presidente da Vale do Rio Doce, o investimento das duas empresas irá superar a casa de US$ 1 bilhão no ano que vem.
De acordo com Agnelli, a planta de alumina irá viabilizar a mina de bauxita de Paragominas, a segunda maior do mundo, também localizada no Pará, que estava parada devido a divergências com o governo do Estado. O governo do Pará não tinha liberado a licença ambiental para utilização da mina, o que fazia com que a Alunorte, a fábrica de alumina situada próxima à mina, ficasse inativa, já que a bauxita é a principal matéria-prima da alumina.
Depois de um bom tempo de disputa, a Vale decidiu passar a importar a bauxita da Guiana para poder acionar os motores da Alunorte. Depois de a Vale ter passado a importar bauxita, o governo paraense liberou a licença ambiental. Só que a Vale já tinha se comprometido a importar o produto da Guiana.
Para viabilizar a mina de Paragominas, a solução encontrada pela Vale foi a de buscar um parceiro para realizar estudos com o objetivo de saber se seria viável ou não a construção de uma Alunorte 2. A Chalco foi a escolhida e aceitou participar do projeto.
A nova fábrica tem início de produção previsto para 2007 e meta de 1,8 milhão de toneladas. Desse total, metade seria exportada pela Chalco para a China.
A mineradora brasileira irá assinar hoje também mais dois memorandos de intenção de investimento. Um deles será de estudos para a construção de uma usina siderúrgica com a Baosteel, um projeto que também deverá superar US$ 1 bilhão, segundo Xie Qi Hua, presidente da Baosteel.
Hua, considerada uma das mulheres mais poderosas da China, disse ainda que a Baosteel tem muito interesse em participar de diversos projetos em parceria com a Vale. Além desses acordos, a Vale também irá firmar acordos para a participação em algumas minas de carvão com as chinesas Yongcheng e Yankuang.

Polêmica da soja
No campo agrícola, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, terá uma reunião hoje, em Pequim, com o Ministério da Quarentena chinês para se retratar do incidente ocorrido com a descoberta de um navio com soja contaminada exportada do porto do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, para a China. "Vamos mostrar que o governo está muito aborrecido com o incidente", diz.
Segundo ele, o Brasil irá tentar convencer o governo chinês de que o incidente foi um desvio ocasional e que não se repetirá. O ministro diz que o governo está investigando as causas do incidente para encontrar o responsável.
Para corrigir o problema, Rodrigues afirma que o governo irá adotar uma série de medidas para melhorar o controle e a fiscalização da soja exportada. Entre elas, a mudança na legislação para exigir maior rigor na certificação do produto que deixa o país.
A retratação do governo se justifica pelo fato de o governo chinês ter ameaçado suspender as importações de soja do país. A soja é o segundo produto mais exportado do Brasil para a China, abaixo apenas da venda de minério de ferro. O valor da venda da soja atinge US$ 1,3 bilhão por ano.
De acordo com Rodrigues, há, atualmente, 30 navios carregados de soja para desembarcar na China. Desse total, cinco partiram do porto do Rio Grande, dos quais dois retornaram devido a sementes contaminadas.
Na reunião de hoje, também deverá ser assinado um memorando de intenções para um acordo fitosanitário que abra a possibilidade de exportação da carne "in natura" para a China. A venda de carne "in natura" está fechada desde a descoberta de febre aftosa no gado brasileiro, há três anos.




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