São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2004

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DINHEIRO PÚBLICO

Governo federal diz que não vai se manifestar

Berzoini vai fiscalizar convênios com organização de amigo de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse ontem que fará um pente-fino nos convênios da ONG Ágora que recebem recursos de sua pasta. "Vamos fazer uma averiguação completa de todos os convênios firmados desde o início do governo Lula."
A revista "Veja" revelou que o Ministério Público Federal pretende entrar com ação judicial pedindo que a Ágora devolva quase R$ 900 mil aos cofres públicos por ter apresentado notas fiscais frias para justificar gastos de recursos públicos. Essa cifra se refere a verbas anteriores ao governo Lula, repassadas por Estados. Segundo a "Veja", foram encontradas 54 notas frias de 33 empresas fantasmas. Em nota, a Ágora diz que contratou uma auditoria externa para averiguar suas contas.
Já no governo Lula, a ONG recebeu R$ 7,5 milhões em recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para treinamento de jovens como parte do programa Primeiro Emprego. São os convênios referentes a esses recursos que Berzoini investigará.
Indagado se o fato de Mauro Dutra, presidente da Ágora, ser amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva influenciaria a apuração, Berzoini respondeu: "Nessa questão, de probidade administrativa, não tem amigo, não".
O ministro afirmou que não prejulgaria a entidade, mas que determinará investigação "impessoal". "Se houver irregularidades, serão tomadas as medidas administrativas, policiais e judiciais cabíveis."
Em nota divulgada ontem, o secretário-executivo da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, negou envolvimento com eventuais fraudes contábeis da Ágora e disse que poderá usar "o direito de buscar reparos perante a Justiça".
Na nota, Barbosa confirma que foi um dos sete diretores da ONG, entre abril de 2001 e janeiro de 2003. Deixou a ONG pela Casa Civil. Julgou "graves" as acusações e disse que questões devem ser dirigidas à atual diretoria.
O secretário de Imprensa, Ricardo Kotscho, disse ontem em Pequim que o problema não diz respeito ao governo e que a ONG tem de responder pelas acusações. Em relação à amizade entre Lula e o dirigente da Ágora, Mauro Dutra, Kotscho disse que ele tem um "monte de amigos".


Colaborou CLÁUDIA TREVISAN, em Pequim


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