|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
Os guardas da corrupção
A disputa entre os parlamentares favoráveis e os
contrários à CPI está sugerindo
a conclusão inquietante de que
são todos protetores da corrupção. A lógica que esses parlamentares nos propõem, como se
decididos a acabar com nossas
ilusões finais, é simples e demonstrada.
Os parlamentares, petistas à
frente, que hoje batalham contra o inquérito da corrupção
denunciada são os mesmos
que defenderam, no governo
anterior, as CPIs para as denúncias de então. No outro
campo, os parlamentares que
hoje se empenham pela CPI
são os mesmos que, no governo anterior, batalharam contra os inquéritos para as denúncias de então.
Em um lado e no outro estão
centuriões dos acusados de
corrupção, que em sua defesa
contam com estes ou com
aqueles segundo as circunstâncias.
Só os estreantes no Congresso, sem ter participado das batalhas durante o governo anterior, escapam à lógica pregada
por seus colegas. Mas na vida
política não há pressa.
Fartura
Os negócios dos Correios e,
agora, as mensalidades para
políticos que a "Veja" atribui
ao Instituto de Resseguros do
Brasil causam, por si sós, o alvoroço que se vê no governo e
na maior parte dos parlamentares petistas. O mais provável,
porém, é que esse alvoroço esteja só na parte menos informada do governo e do PT. Os
informados têm motivo para
estar é em pânico, falando essas bobagens de desestabilização e ameaça às instituições
constitucionais.
No alto empresariado e entre
jornalistas correm muito mais
histórias do que os casos dos
Correios e do IRB. O problema,
sobretudo para os jornalistas, é
a ausência de elementos comprobatórios.
Como aperitivo, vale a pena
atentar para a influência que
grandes empreiteiras e certos
bancos procuram ter nas concorrências para concessões de
rodovias federais. Há contas de
custos assombrosos para os reparos, com a conseqüência de
pedágios assaltantes. Com isso,
as obras dispensam investimentos com capital próprio, realizando-se com o dinheiro arrecadado pelo próprio pedágio -o
que poderia ser feito pelo governo, sem precisar da concessão.
É impossível que o núcleo do
governo desconheça o que é comentado sobre vários setores
ministeriais. Qualquer que seja
a parcela do seu conhecimento,
admitindo-se que seja só
parcial, é suficiente para alto temor de uma CPI que escape ao
controle.
Texto Anterior: Governo sob pressão: Governo federal desbloqueia R$ 773 milhões Próximo Texto: Governo sob pressão: Lula critica PT e diz que vai para a ofensiva Índice
|