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GOVERNO SOB PRESSÃO
Pressionado por ameaça de CPI, Planalto
libera 5% do total de despesas bloqueadas
Governo federal desbloqueia R$ 773 milhões
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em decorrência da expectativa
de arrecadar um volume maior de
impostos até o final do ano, o governo elevou o limite de gastos
públicos em R$ 773 milhões. O
valor corresponde a pouco menos
do que 5% do total de gastos bloqueados por um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Trata-se da primeira revisão do
corte feito em fevereiro nas despesas autorizadas pela lei orçamentária. Ao anunciar o chamado "descontingenciamento", o
governo não indica onde o dinheiro poderá ser gasto. O relatório divulgado ontem à noite pela
área econômica do governo se limita a dizer que 98% do volume
de gastos desbloqueados atenderá
a programas do Poder Executivo.
Parte do dinheiro poderá ser
gasto para atender emendas dos
parlamentares no Orçamento da
União. A maior parte dessas
emendas ficou prejudicada no
corte de gastos anunciado em fevereiro, no valor de R$ 15,9 bilhões e que só poupou as verbas
de dois ministérios: Saúde e Ciência e Tecnologia. O mais atingido
foi o Ministério das Cidades.
Questionado sobre o provável
destino do dinheiro liberado ontem, o ministro Paulo Bernardo
(Planejamento) não se manifestou. Ele participa do esforço do
governo para barrar a abertura de
uma CPI para apurar denúncias
de corrupção nos Correios.
O desbloqueio foi anunciado
ontem porque era o último dia do
prazo fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal para a revisão
das projeções fiscais do segundo
bimestre do ano. O relatório assinado pelos secretários do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e do
Orçamento Federal, Bernardo
Bringel, foi encaminhado ao Legislativo e ao Judiciário.
Arrecadação maior
Os R$ 773 milhões liberados para despesas ontem correspondem
a 12% da nova previsão de arrecadação de impostos. Em comparação à estimativa anterior de recolhimento de tributos, a arrecadação da Receita Federal subirá
R$ 6,4 bilhões.
A maior parcela dessa arrecadação "extra" virá do Imposto de
Renda, já considerada a revisão
da tabela em 10% e a derrubada
pelo Congresso Nacional dos mecanismos propostos pelo governo
federal para compensar a perda
de arrecadação.
Parte dessa expectativa maior
de receita do governo será consumida por um aumento também
não previsto em gastos obrigatórios da União e novas despesas
autorizadas recentemente, por
meio de medidas provisórias, como o custo da missão de paz no
Haiti. De acordo com as novas
previsões, os gastos com pessoal
subirão R$ 670 milhões. O déficit
nas contas da Previdência Social
também subirá R$ 1,1 bilhão de
acordo com as novas projeções.
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