|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jefferson diz que entregará cargos do PTB a Lula e volta a defender CPI
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PTB, deputado
federal Roberto Jefferson (RJ),
avisou ontem que a sigla entregará hoje cartas de demissão de pelo
menos quatro cargos importantes
no governo federal - as presidências da Eletronorte e do IRB
(Instituto de Resseguros do Brasil), e diretorias da Embratur
(Empresa Brasileira de Turismo)
e da Eletronuclear - e outros seis
de menos relevância.
O deputado federal anunciou a
entrega dos cargos às 20h30, ao final de um depoimento de três horas de duração prestado ao procurador da República Bruno Caiado
de Acioli, no decorrer de um inquérito civil público que apura
suposta improbidade administrativa nos Correios.
"Pedi a todos os colegas que entregassem suas cartas de demissão", disse Jefferson. A estratégia
é demonstrar suposta lisura nas
investigações sobre o vídeo em
que o ex-chefe do Departamento
de Contratações e Administração
de Material, Maurício Marinho,
aparece recebendo propina de
dois supostos empresários.
O único ministro do PTB no governo Lula, Walfrido Mares Guia
(Turismo), não teve o cargo pedido por Jefferson e poderá continuar no governo, se quiser. Segundo Jefferson, a decisão caberá
a Mares Guia porque ele teria sido
uma escolha do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, e não "uma
indicação partidária".
O presidente da Eletronorte,
Roberto Garcia Salmeron, que
agora deverá deixar o cargo, é citado por Maurício Marinho no vídeo sob investigação como um
dos dois principais "apoios" do
grupo de Jefferson em Brasília, ao
lado do ex-diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório
Menezes Batista.
Jefferson fez elogios ao presidente Lula, que na semana passada chamou-o de "parceiro" e manifestou apoio ao parlamentar. "É
um dos maiores seres humanos
que conheci na vida. Ele [Lula]
não vai se arrepender de ter conhecido o Roberto Jefferson", disse o deputado.
Jefferson afirmou que continua
pedindo "a todos os companheiros" do PTB que assinem a criação da CPI dos Correios.
No depoimento prestado ao Ministério Público, Jefferson reafirmou as linhas gerais do discurso
de defesa que fez na tribuna da
Câmara na terça-feira da semana
passada. Ele acusou dois supostos
emissários de uma empresa que
teria "interesses contrariados" pela administração dos Correios.
Jefferson voltou a dizer que foi
procurado em Belém (PA) por
um certo "comandante Molina",
que seria o consultor da FGV
(Fundação Getúlio Vargas) Antônio Gerardo Molina Gonçalves.
Ele teria primeiro pedido para fazer "negócios" nos Correios. Jefferson teria então orientado Molina a procurar o então diretor de
Administração dos Correios, Antônio Osório Batista.
Dias mais tarde, em Brasília,
sempre segundo a versão do deputado, Molina voltou a procurar
Jefferson, agora com a suposta intenção de "fazer negócio com
uma fita". Jefferson teria então expulsado Molina de seu gabinete.
Indagado sobre a razão de não ter
acionado a polícia para apurar a
conversa de Molina, Jefferson respondeu: "Não acreditei. Achei
que era um blefe".
O deputado afirmou que não
acredita em interesses políticos
por trás da gravação e da divulgação do vídeo com Maurício Marinho. "Foi uma coisa negocial",
disse Jefferson. Ele atribuiu tudo a
uma "disputa comercial", de empresas que queriam fazer contratos com os Correios mas não obtiveram sucesso.
O deputado negou que o PTB
tenha pedido ao presidente do
IRB-Brasil Resseguros, Luiz Appolonio, que deve deixar o cargo a
partir de hoje, uma "mesada de
R$ 400 mil", conforme denunciou
a última edição da revista "Veja".
"É uma maledicência, uma acusação solta, maledicente, pequena",
disse Roberto Jefferson.
Texto Anterior: Governo sabe das denúncias no IRB há mais de 1 ano Próximo Texto: Governo sob pressão: Em notas, PT e PSDB sobem o tom de ataques Índice
|