São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Metáforas

O ministro Aldo Rebêlo reapareceu e descarregou nos canais de notícias e telejornais, inclusive "JN":
- A CPI tem objetivo político. Como a direita não tem candidato viável à Presidência, está procurando criar artificialmente um clima de 54, está buscando um Gregório Fortunato.
Acrescentou o presidente do PT, José Genoino, em nota cheia de adjetivos reproduzida na Folha Online e outros:
- O objetivo [de FHC é] insuflar artificialmente uma suposta crise institucional.
Do outro lado, o presidente do PSDB, o mineiro Eduardo Azeredo, em nota, pôs panos quentes de um lado e outro:
- Quanto às menções sobre o ex-presidente [FHC] estar apostando em uma crise institucional, não é certo. Ele não se referiu à conjuntura.
Por fim, o líder pefelista Rodrigo Maia respondeu ao ministro, também na TV:
- Ele deve avaliar primeiro as assinaturas de seu próprio partido, o PC do B, que foi coerente e já deu quase todas.
 
Enquanto governo e oposição duelam por "metáfora", para usar uma expressão de Azeredo, a operação abafa, também por metáfora, visa à base.
Do avião de Lula, um dos líderes governistas saiu dizendo ao "JN" que o Palácio do Planalto não vai mais tratar aliados traiçoeiros a "pão-de-ló".
A ameaça é de "reestruturação". Ao que Aldo Rebêlo acrescentou, em dia de soltar o verbo, agora na Globo Online:
- A bem da verdade, não é só a direita que usa processos de desestabilização. Infelizmente, setores da esquerda, nos casos de Juscelino, João Goulart, agiram da mesma forma.

MAIS E MAIS PF

Reprodução
Agentes em ação, ontem no "JN"

Ao fundo, na operação abafa, agentes federais saíram pelo país produzindo cenas de "busca e apreensão" acompanhadas pela Globo e que entraram pela noite com o pedido de prisão dos acusados, feito pela PF. Mas no fim a programação não foi o sucesso esperado, apesar de abrir a escalada do "JN":
- A Polícia Federal apreende computadores e documentos na sede dos Correios. E a Justiça nega o pedido de prisão para três dos envolvidos.
Faltou o impacto da prisão, para tentar avançar a idéia de que não é preciso CPI.
 
Pior para o governo, os telejornais trouxeram nova convocação da PF, agora feita pelo Judiciário, para outra ação tão espetacular quanto. Na primeira manchete do "Jornal da Record":
- O Supremo aprova pedido para investigar o ministro da Previdência Social.
E no enunciado da Folha Online:
- A PF tem 60 dias para investigar as supostas irregularidades em empréstimo concedido à Frangonorte, da qual o ministro foi sócio.

SEJA O QUE DEUS QUISER

Do âncora Boris Casoy, no "Jornal da Record":
- Mesmo com todos os esforços, com as promessas de uma investigação séria, com o toma-lá-dá-cá a todo vapor, vai ser difícil impedir a CPI. Até petistas relutam em tirar suas assinaturas. Pela gravidade dos fatos, a CPI é o único instrumento capaz de uma investigação séria e profunda.
 
Do comentarista Franklin Martins, na Globo News:
- A essa altura, ninguém acredita que seja possível evitar a criação da CPI. O governo ainda tem bala na agulha, recursos, expedientes. Mas será que vale a pena? Politicamente, será que compensa ficar meses na defensiva, passando idéia de que tem medo da investigação e dando discurso para a oposição? Talvez seja melhor olhar para a frente, instalar a CPI e travar a luta política lá dentro. E aí seja o que Deus quiser.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

Invasão 1
O francês "Le Monde" ecoou, com grande atraso, a visão de que o Brasil está se tornando "o celeiro do mundo" e logo vai responder pelo "açúcar" como os chineses respondem pelos "televisores". Para o jornal, a OMC é a "máquina de guerra" brasileira, na invasão.

Invasão 2
O comissário europeu para o comércio, Peter Mandelson, afirmou em Bruxelas que "o Brasil tem que responder pela destruição da Amazônia". Para a Globo News, "ele reacende a polêmica de internacionalizar", feita por "seu antecessor Pascal Lamy", agora na OMC.


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