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Péres atuou como governista crítico e oposicionista duro
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
José Jefferson Carpinteiro
Péres nasceu em 19 de março
de 1932, em Manaus (AM), capital que o projetou para a política como homem que preferiu
manter-se fiel aos seus princípios e não alinhar-se a ninguém. Ao longo de sua carreira
política, atuou como governista
crítico e oposicionista duro.
Teve só dois cargos eletivos:
senador por 13 anos e vereador
por seis. Eleito pela primeira
vez em 1989, deu sustentação
ao então prefeito de Manaus,
Arthur Virgílio (PSDB), de
quem era amigo pessoal.
Contudo, nunca o apoiou incondicionalmente. "Péres sempre fez aquele apoio crítico",
contou Virgílio. "Quando havia
algum projeto de interesse do
Executivo e ele era contra, a
gente estendia a sessão o máximo que podia para ele ir almoçar. Era muito metódico com a
saúde, por isso estranhei essa
morte repentina", afirmou o líder do PSDB no Senado.
Péres foi eleito senador pela
primeira vez pelo PSDB, em
1994, quando Fernando Henrique Cardoso chegou à Presidência. Foi aos poucos assumindo posturas críticas que desgastaram sua relação com o
partido. Sua amizade com Arthur Virgílio, à época secretário-geral tucano, sofreu abalos.
"Nossa relação nunca foi um
mar de rosas, mas conseguimos, ao longo dos anos, manter
boa convivência", contou. Segundo Virgílio, Péres adorava
dançar e tinha um humor sutil.
A convite de Leonel Brizola,
entrou para o PDT em 1999,
quando acentuou a oposição a
FHC. Em maio de 2001, Péres
chamou o governo tucano de
"abafador de investigações".
Um ano depois, Péres disputou a reeleição e apoiou o então
candidato à Presidência Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. No primeiro ano
de governo petista, integrou a
base de sustentação. Rompeu
já em 2004, após o escândalo
Waldomiro Diniz, funcionário
da Casa Civil ligado ao então
ministro José Dirceu que foi
flagrado recebendo propina.
Em 2006, quando a reeleição
de Lula era dada como certa
apesar de escândalos, Péres
usou a tribuna para desabafar:
"Este Congresso é a pior legislatura da qual já participei" . Na
ocasião, chegou a dizer que
nunca mais seria candidato.
Em 2007, quando relatou um
dos processos de cassação contra o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), ele foi alvo de denúncias incluídas em dossiê
distribuído aos colegas. Ele teria sofrido processo nos anos
70 por participar de esquema
de fraudes em uma siderúrgica;
empregaria a mulher no seu gabinete; e teria usado passagens
aéreas do Senado para uma
amante. Péres pediu que fosse
investigado e disse que não era
"chantageável". "Ética, para
mim, não é pose", afirmou.
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