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Uso de facão é da cultura dos caiapós, diz conselho
Cimi afirma à PF que compra não foi incitação à violência
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O secretário do Cimi em Altamira, José Cleanton Curioso
Ribeiro, disse ontem em depoimento à Polícia Federal que
comprou três facões para os índios, mas que o uso do instrumento faz parte da cultura dos
caiapós e negou que a compra
tenha sido uma forma de incitação à violência por parte dos
organizadores do encontro
Xingu Vivo Para Sempre.
A PF apura se a compra de facões para os caiapós pelo secretário do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e pelo padre espanhol Joseba Andoni
Ledesma Sanchez, da Prelazia
do Xingu, pode ser considerada
crime de incitação à violência.
O encontro foi organizado
por diversas entidades, entre
elas o Cimi e a Arquidiocese de
Altamira. O depoimento do padre ocorreria ontem à noite.
Na terça-feira, índios caiapós
agrediram o engenheiro da Eletrobrás Paulo Roberto Rezende, após ele defender a construção da usina Belo Monte no encontro. O engenheiro teve um
corte profundo no braço. Os índios são contra a obra.
"Ele [Ribeiro] isentou a organização do evento [na compra
do facão]. A questão é se a compra do facão que foi entregue
aos índios pode ser interpretada como uma incitação a um
ato mais violento ou se era uma
concessão de um material que
já pertence à cultura dos índios", disse o delegado Jorge
Eduardo Ferreira de Oliveira.
Pesquisa
Ele afirmou que vai solicitar
a realização de uma perícia antropológica para apurar o grau
de adaptação dos índios à sociedade e se o uso do facão faz parte da cultura caiapó.
Anteontem à noite, a organização do encontro divulgou
uma nota na qual nega ter armado ou comprado armas para
os índios. Na nota, a organização afirma que os facões foram
introduzidos na cultura caiapó
após contato com os brancos na
década de 50 e que eram dados
como "brindes para atrair e pacificar os caiapós".
O delegado disse que só irá
ouvir os índios se conseguir
identificar o autor do golpe que
feriu o braço do engenheiro da
Eletrobrás e se for "extremamente necessário para o desenrolar do inquérito".
O encontro Xingu Vivo para
Sempre foi encerrado ontem
com um ato público que reuniu
cerca de 700 pessoas em Altamira, segundo a PM.
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