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SÃO PAULO
Ex-prefeito interino afirma que proposta de suborno estaria em torno de US$ 10 mi, mas que não identificou de onde partiu
"Queriam manter o esquema", diz Regis
THOMAS TRAUMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-prefeito de São Paulo,
Regis de Oliveira (sem partido),
afirmou que estaria em torno de
US$ 10 milhões a suposta proposta de suborno para indicar o secretário municipal da Saúde durante sua gestão como prefeito interino -entre os dias 26 de maio
e 13 de junho.
Regis havia assumido o cargo,
por força de liminar da Justiça,
que afastou provisoriamente Celso Pitta. O prefeito foi acusado de
possível restrição na coleta de
provas de processo que o investiga por supostos crimes de improbidade administrativa.
A proposta de suborno teria sido feita a um assessor do prefeito
interino na primeira semana de
junho. Esse assessor teria sido
procurado por um homem que se
dizia empresário. A proposta teria
sido recusada, segundo Regis, que
declara não ter feito uma denúncia formal à época, sob a alegação
de falta de provas.
Regis indicou para a Secretaria
da Saúde o médico José Aristodemo Pinotti. Entre outras atribuições, o secretário era o responsável pelos pagamentos do PAS
(Plano de Atendimento à Saúde),
serviço de cooperativas privadas
que substituiu o atendimento público hospitalar e ambulatorial.
Regis falou à Folha ontem, por
telefone, de Porto Rico, onde descansa em férias. Em encontro no
dia 11, no gabinete do prefeito, Pinotti relatou a Regis que recebera
oferta de R$ 1,5 milhão por mês
para manter a estrutura do PAS.
Ouviu como resposta que Regis
também recebera proposta de suborno. O ex-prefeito não identificou o grupo que tentou corrompê-lo, mas disse saber quais eram
as suas intenções. "Eles queriam
manter o seu esquema no PAS."
Folha - O secretário da Saúde de
sua gestão, José Aristodemo Pinotti, disse que o sr. sofreu uma tentativa de suborno de US$ 10 milhões
de dólares para indicar uma outra
pessoa para a secretaria. É verdade?
Regis de Oliveira -Teve isso, mas
eu não quis saber.
Folha - Ele disse que o senhor lhe
mostrou uma carta com os nomes
que seriam indicados para a secretaria.
Regis - Não teve carta nenhuma.
Havia recados de grupos interessados na continuidade do PAS
(Plano de Atendimento à Saúde).
Folha - Quais grupos?
Regis - Não sei e não quis saber.
Folha - Mas tentativa de suborno
é crime.
Regis - Crime eu teria cometido
se aceitasse.
Folha - Mas quem tentou subornar o prefeito cometeu crime.
Regis - Sim, mas eu descartei,
não levei adiante e não tinha provas para fazer uma denúncia.
Folha - E qual seria o interesse
desse grupo?
Regis - Eles queriam manter o
atual esquema do PAS, com esses
pagamentos absurdos. Achavam
que eu ia acabar com aquilo e ia
mesmo. Por isso tentaram (o suborno).
Folha - O valor era de US$ 10 milhões?
Regis - Acho que era isso, não
sei.
Folha - Na sua conversa com o dr.
Pinotti, ele contou que sofreu uma
tentativa de suborno de R$ 1,5 milhão mensais para manter o PAS?
Regis - Ele me relatou a oferta e
juntos concordamos que o melhor a fazer era acabar com o PAS
e atingir esse esquema. Estava tudo pronto quando tudo terminou
(no dia 13 de junho, dois dias depois da conversa entre Regis e Pinotti, a Justiça reconduziu Pitta).
Folha - O sr. recebeu pressões para indicar outros secretários?
Regis - Indiquei quem eu quis.
Quando esse tipo de coisa chegava no meu ouvido, descartava.
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