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Médico integrou grupo de Quércia
DA REDAÇÃO
José Aristodemo Pinotti, 65, começou sua vida pública no grupo
político de Orestes Quércia.
Quando Quércia tomou posse como prefeito de Campinas, em
1969, nomeou Pinotti diretor-executivo da Comissão Diretora do
Programa de Controle de Câncer
Cérvico-Uterino da prefeitura.
No ano seguinte, tornou-se diretor da Faculdade de Ciências
Médicas da Unicamp, da qual se
tornou professor titular em 1980.
Foi nomeado reitor da Unicamp
em fevereiro de 1982 pelo então
governador Paulo Maluf (PDS),
tomando posse em 19 de abril. No
ano anterior, Maluf havia decretado intervenção na universidade
após a morte de Zeferino Vaz e
afastado diretores de unidades.
Em 1986, no final do governo
Franco Montoro (PMDB), foi nomeado secretário da Educação.
Com a eleição de Orestes Quércia
para governador, em novembro
daquele ano, assumiu em 1987 a
Secretaria de Saúde. Tentou disputar o governo do Estado pelo
PMDB, mas Quércia escolheu
Luiz Antonio Fleury Filho para
ser o candidato do partido. Pinotti ficou no cargo até o final da gestão de Quércia, em março de 1991.
Em 1992, Quércia apoiou sua
candidatura a prefeito de Campinas pelo PMDB, mas Pinotti foi
derrotado por José Roberto Magalhães Teixeira (PSDB). Dois
anos depois, conseguiu ser eleito
deputado federal, com 90.780 votos. Quércia, porém, foi derrotado
na eleição presidencial por FHC.
Pinotti permaneceu ligado a
Quércia até 1996, quando anunciou sua disposição de se candidatar à Prefeitura de São Paulo pelo
PMDB, contrariando a vontade
de Quércia, que havia indicado
João Leiva. Pinotti manteve sua
candidatura e derrotou Leiva na
convenção do partido, com o
apoio dos peemedebistas alinhados a FHC. O grupo era coordenado pelo ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos).
No dia 25 de agosto, ele reuniu-se com o prefeito Paulo Maluf. Há
duas versões. Segundo Maluf, Pinotti solicitou o encontro e pediu
dinheiro para sua campanha,
prometendo em troca não atacar
o candidato do PPB (Celso Pitta)
na TV. Segundo Pinotti, Maluf solicitou o encontro e ofereceu dinheiro para que ele não atacasse
Pitta, mas ele recusou a oferta.
Seja como for, durante o horário eleitoral gratuito, Pinotti criticou a gestão de Paulo Maluf, atacando principalmente o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
"O PAS gasta 15% do orçamento total da prefeitura e atende somente 1/3 da população da cidade, em menos de 1/3 das suas necessidades. O PAS faz apenas triagem médica. O PAS atende os casos de emergência de menor gravidade e privatiza e terceiriza totalmente o sistema de saúde. Portanto trabalha na contramão da
história", disse Pinotti na época.
Obteve apenas 101.358 votos
(1,79% do total) no primeiro turno. No segundo, apoiou a candidata do PT, Luiza Erundina, derrotada por Celso Pitta.
Rompido com Quércia, Pinotti
trocou o PMDB pelo PSB. Em
1998, foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por
Francisco Rossi (PDT), político
egresso da Arena, que já tinha sido secretário de Esportes no governo de Paulo Maluf (79-82).
Rossi ficou em quarto lugar no
primeiro turno, vencido por Maluf. O vice de Maluf era Luiz Carlos Santos (o mesmo que havia
apoiado Pinotti em 1996), que tinha trocado o PMDB pelo PFL.
No segundo turno, para surpresa de seu partido, que declarou
apoio a Mário Covas (PSDB), Pinotti aderiu a Maluf. Disse ter tomado a decisão por discordar da
política neoliberal tucana e querer
ajudar um governo malufista a
administrar a saúde: "Não quero
dizer que houve indicação para a
Secretaria da Saúde", declarou.
Quando lembrado sobre suas
críticas ao PAS, feitas na campanha eleitoral de 1996, Pinotti disse
que pretendia unir as experiências do PAS com outras idéias que
iria apresentar a Maluf.
Após a derrota de Maluf, Pinotti
deixou o PSB, ingressando no PV
(Partido Verde) de Fernando Gabeira, em outubro de 1999.
Em março deste ano, descobriu-se que Pinotti devia dinheiro
ao empresário Jorge Yunes (o
mesmo que emprestou R$ 800 mil
ao prefeito Celso Pitta). Yunes é o
presidente de honra do PPB e aliado de Paulo Maluf. Nas declarações de renda de Yunes constam
um empréstimo de R$ 200 mil feito em maio de 1995 e outro de R$
300 mil, de setembro de 1996.
Permaneceu no ostracismo até
5 de junho deste ano, quando foi
nomeado secretário de Saúde na
rápida passagem de Regis de Oliveira pela Prefeitura de São Paulo.
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