São Paulo, sábado, 24 de junho de 2000


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Médico integrou grupo de Quércia

DA REDAÇÃO

José Aristodemo Pinotti, 65, começou sua vida pública no grupo político de Orestes Quércia. Quando Quércia tomou posse como prefeito de Campinas, em 1969, nomeou Pinotti diretor-executivo da Comissão Diretora do Programa de Controle de Câncer Cérvico-Uterino da prefeitura.
No ano seguinte, tornou-se diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, da qual se tornou professor titular em 1980. Foi nomeado reitor da Unicamp em fevereiro de 1982 pelo então governador Paulo Maluf (PDS), tomando posse em 19 de abril. No ano anterior, Maluf havia decretado intervenção na universidade após a morte de Zeferino Vaz e afastado diretores de unidades.
Em 1986, no final do governo Franco Montoro (PMDB), foi nomeado secretário da Educação. Com a eleição de Orestes Quércia para governador, em novembro daquele ano, assumiu em 1987 a Secretaria de Saúde. Tentou disputar o governo do Estado pelo PMDB, mas Quércia escolheu Luiz Antonio Fleury Filho para ser o candidato do partido. Pinotti ficou no cargo até o final da gestão de Quércia, em março de 1991.
Em 1992, Quércia apoiou sua candidatura a prefeito de Campinas pelo PMDB, mas Pinotti foi derrotado por José Roberto Magalhães Teixeira (PSDB). Dois anos depois, conseguiu ser eleito deputado federal, com 90.780 votos. Quércia, porém, foi derrotado na eleição presidencial por FHC.
Pinotti permaneceu ligado a Quércia até 1996, quando anunciou sua disposição de se candidatar à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB, contrariando a vontade de Quércia, que havia indicado João Leiva. Pinotti manteve sua candidatura e derrotou Leiva na convenção do partido, com o apoio dos peemedebistas alinhados a FHC. O grupo era coordenado pelo ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos).
No dia 25 de agosto, ele reuniu-se com o prefeito Paulo Maluf. Há duas versões. Segundo Maluf, Pinotti solicitou o encontro e pediu dinheiro para sua campanha, prometendo em troca não atacar o candidato do PPB (Celso Pitta) na TV. Segundo Pinotti, Maluf solicitou o encontro e ofereceu dinheiro para que ele não atacasse Pitta, mas ele recusou a oferta.
Seja como for, durante o horário eleitoral gratuito, Pinotti criticou a gestão de Paulo Maluf, atacando principalmente o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
"O PAS gasta 15% do orçamento total da prefeitura e atende somente 1/3 da população da cidade, em menos de 1/3 das suas necessidades. O PAS faz apenas triagem médica. O PAS atende os casos de emergência de menor gravidade e privatiza e terceiriza totalmente o sistema de saúde. Portanto trabalha na contramão da história", disse Pinotti na época.
Obteve apenas 101.358 votos (1,79% do total) no primeiro turno. No segundo, apoiou a candidata do PT, Luiza Erundina, derrotada por Celso Pitta.
Rompido com Quércia, Pinotti trocou o PMDB pelo PSB. Em 1998, foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Francisco Rossi (PDT), político egresso da Arena, que já tinha sido secretário de Esportes no governo de Paulo Maluf (79-82).
Rossi ficou em quarto lugar no primeiro turno, vencido por Maluf. O vice de Maluf era Luiz Carlos Santos (o mesmo que havia apoiado Pinotti em 1996), que tinha trocado o PMDB pelo PFL.
No segundo turno, para surpresa de seu partido, que declarou apoio a Mário Covas (PSDB), Pinotti aderiu a Maluf. Disse ter tomado a decisão por discordar da política neoliberal tucana e querer ajudar um governo malufista a administrar a saúde: "Não quero dizer que houve indicação para a Secretaria da Saúde", declarou.
Quando lembrado sobre suas críticas ao PAS, feitas na campanha eleitoral de 1996, Pinotti disse que pretendia unir as experiências do PAS com outras idéias que iria apresentar a Maluf.
Após a derrota de Maluf, Pinotti deixou o PSB, ingressando no PV (Partido Verde) de Fernando Gabeira, em outubro de 1999.
Em março deste ano, descobriu-se que Pinotti devia dinheiro ao empresário Jorge Yunes (o mesmo que emprestou R$ 800 mil ao prefeito Celso Pitta). Yunes é o presidente de honra do PPB e aliado de Paulo Maluf. Nas declarações de renda de Yunes constam um empréstimo de R$ 200 mil feito em maio de 1995 e outro de R$ 300 mil, de setembro de 1996.
Permaneceu no ostracismo até 5 de junho deste ano, quando foi nomeado secretário de Saúde na rápida passagem de Regis de Oliveira pela Prefeitura de São Paulo.


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