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OPOSIÇÃO
Depois de dizer que governo Lula "exagera na dose" dos juros, tucano afirma que não cabe a um ex-presidente falar sobre taxa
Política econômica é responsável, diz FHC
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recuou de suas críticas ao governo de Luiz Inácio
Lula da Silva e chegou a elogiar a
condução da economia no país.
"A política econômica seguida
pelo Brasil é responsável. Leva em
consideração a necessidade de
manter o orçamento equilibrado,
fazer as reformas, criando condições para inflação baixa e um clima favorável ao investimento",
disse ontem, ao sair de um seminário sobre economia internacional na London School of Economics (LSE).
Na semana passada, em entrevista ao site do PSDB, Fernando
Henrique fez críticas à política de
juros altos do atual governo. Ontem, disse que falara dentro do
PSDB, "muito rapidamente" e
não queria falar sobre o governo
Lula estando fora do Brasil.
Sobre o corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros decidida
pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na
semana passada, também se recusou a dar sua opinião, alegando
ser uma "tecnicalidade" e que
"não cabe a um ex-presidente" falar sobre isso.
Ele também evitou uma resposta direta sobre a política social do
PT. "Acho que tem que dar tempo
ao tempo para o governo mostrar
o que vai fazer. Eu fui presidente e
sei como é isso", disse. Perguntado se a atual política econômica
não significava continuidade do
que ele fazia, Fernando Henrique
disse que "ninguém faz o que outro vem fazendo, faz o que o país
precisa". "Nesse momento precisa continuar assim. Amanhã ou
depois, pode não ter necessidade
de ser tão estrito e então haverá
condições de uma política mais
folgada. Mas é uma política responsável, não tenho dúvidas."
Na platéia, um acadêmico de
origem indiana confundiu os nomes ao dirigir uma pergunta ao
"presidente Fernando Lula Cardoso", sintetizando, sem querer, o
que muitos analistas no Brasil
vêm dizendo do atual presidente
brasileiro. A confusão provocou
risos na audiência, mas Fernando
Henrique se limitou a dizer "no
problem" (sem problema), antes
de responder à pergunta sobre os
efeitos da globalização.
Alca
Durante o encontro de Lula
com o presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, na semana passada, o governo brasileiro se comprometeu a cooperar
para a conclusão exitosa das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) até
2005, prazo previsto pelos americanos. Ontem, FHC alegou não
ter acompanhado as notícias, mas
disse imaginar que a posição do
governo Lula seja a mesma que
ele próprio sempre manteve. "Comércio é comércio. Não tem adesão preliminar. Tem que se ver caso a caso. Se houver vantagem,
muito bem, se não, acho que não
se faz acordo", observou depois
do seminário.
Provocou risos irônicos na platéia quando disse que em "oito
anos de governo" o país sofrera
cinco crises financeiras, provocadas por movimentos externos
"não necessariamente devido à situação doméstica". Corrigiu a
afirmação, dizendo que talvez
existisse alguma fragilidade, mas
que eram exageradas excessivamente no exterior.
Críticas, o ex-presidente reservou ao governo Bush. Em sua participação no seminário "Depois
do Iraque: o estado da economia
mundial", FHC afirmou que a política "unilateral" do governo dos
EUA "aumenta as incertezas". Ele
também criticou a globalização
"assimétrica", que penaliza países
em desenvolvimento.
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