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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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OPOSIÇÃO

Depois de dizer que governo Lula "exagera na dose" dos juros, tucano afirma que não cabe a um ex-presidente falar sobre taxa

Política econômica é responsável, diz FHC

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recuou de suas críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva e chegou a elogiar a condução da economia no país.
"A política econômica seguida pelo Brasil é responsável. Leva em consideração a necessidade de manter o orçamento equilibrado, fazer as reformas, criando condições para inflação baixa e um clima favorável ao investimento", disse ontem, ao sair de um seminário sobre economia internacional na London School of Economics (LSE).
Na semana passada, em entrevista ao site do PSDB, Fernando Henrique fez críticas à política de juros altos do atual governo. Ontem, disse que falara dentro do PSDB, "muito rapidamente" e não queria falar sobre o governo Lula estando fora do Brasil.
Sobre o corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na semana passada, também se recusou a dar sua opinião, alegando ser uma "tecnicalidade" e que "não cabe a um ex-presidente" falar sobre isso.
Ele também evitou uma resposta direta sobre a política social do PT. "Acho que tem que dar tempo ao tempo para o governo mostrar o que vai fazer. Eu fui presidente e sei como é isso", disse. Perguntado se a atual política econômica não significava continuidade do que ele fazia, Fernando Henrique disse que "ninguém faz o que outro vem fazendo, faz o que o país precisa". "Nesse momento precisa continuar assim. Amanhã ou depois, pode não ter necessidade de ser tão estrito e então haverá condições de uma política mais folgada. Mas é uma política responsável, não tenho dúvidas."
Na platéia, um acadêmico de origem indiana confundiu os nomes ao dirigir uma pergunta ao "presidente Fernando Lula Cardoso", sintetizando, sem querer, o que muitos analistas no Brasil vêm dizendo do atual presidente brasileiro. A confusão provocou risos na audiência, mas Fernando Henrique se limitou a dizer "no problem" (sem problema), antes de responder à pergunta sobre os efeitos da globalização.

Alca
Durante o encontro de Lula com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na semana passada, o governo brasileiro se comprometeu a cooperar para a conclusão exitosa das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) até 2005, prazo previsto pelos americanos. Ontem, FHC alegou não ter acompanhado as notícias, mas disse imaginar que a posição do governo Lula seja a mesma que ele próprio sempre manteve. "Comércio é comércio. Não tem adesão preliminar. Tem que se ver caso a caso. Se houver vantagem, muito bem, se não, acho que não se faz acordo", observou depois do seminário.
Provocou risos irônicos na platéia quando disse que em "oito anos de governo" o país sofrera cinco crises financeiras, provocadas por movimentos externos "não necessariamente devido à situação doméstica". Corrigiu a afirmação, dizendo que talvez existisse alguma fragilidade, mas que eram exageradas excessivamente no exterior.
Críticas, o ex-presidente reservou ao governo Bush. Em sua participação no seminário "Depois do Iraque: o estado da economia mundial", FHC afirmou que a política "unilateral" do governo dos EUA "aumenta as incertezas". Ele também criticou a globalização "assimétrica", que penaliza países em desenvolvimento.


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