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MULTIMÍDIA
Le Monde - de Paris
Ortodoxia de Lula é destaque na França
DA REDAÇÃO
Com o título "Um outro Brasil é
realmente possível?", o jornal
francês "Le Monde" publicou na
capa do seu caderno de economia
de ontem uma reportagem sobre
a situação da economia brasileira
após quase seis meses de governo
Luiz Inácio Lula da Silva. O título
é uma alusão ao slogan do Fórum
Social Mundial de Porto Alegre.
O jornal destaca que a política
econômica ortodoxa do governo
brasileiro começa a gerar insatisfação nos que viam em Lula uma
alternativa ao neoliberalismo.
O texto de capa começa citando
o título de uma reportagem recente da revista "IstoÉ": "Lula vai
bem, mas o país vai mal". Destacando o "carisma incontestável"
do petista, o "Monde" diz que,
apesar do desemprego alto, a popularidade do presidente permanece elevada, e acrescenta que,
embora de esquerda, Lula tem seguido o receituário do Fundo Monetário Internacional.
Essa política, segundo o "Monde", causa decepção no movimento antiglobalização, embora
isso não seja admitido abertamente. Para o movimento, o Brasil se tornou uma referência com
o fórum de Porto Alegre, de cuja
organização o PT participou.
Para mostrar como Lula está
preocupado em conquistar a confiança dos mercados, o jornal
francês menciona a nomeação de
pessoas que o presidente "teria,
em outros tempos, qualificado de
"representantes do grande capital'", como Henrique Meirelles
-ex-presidente do BankBoston-, para o Banco Central, Luiz
Fernando Furlan -ex-presidente
do conselho de administração da
Sadia-, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Roberto Rodrigues
-ex-presidente da Associação
Brasileira de Agrobusiness, para o
Ministério da Agricultura. Para
ministros que representariam a
"mudança", como José Graziano
(Segurança Alimentar) e Miguel
Rossetto (Desenvolvimento
Agrário), teriam sido reservadas
pastas com menos recursos.
A "Agenda interditada" -documento assinado por cerca de
300 economistas contra a política
econômica do governo- é citada
pelo jornal francês. Reinaldo
Gonçalves, um dos signatários,
afirma, no texto, que "os capitais
especulativos que afluem atualmente por causa das altas taxas de
juros partirão ao menor alerta".
Esse comportamento pró-mercado teria como meta "arrumar a
casa", segundo o presidente. O
momento de olhar para o crescimento econômico viria depois de
o país superar os reflexos das turbulências do final do ano passado.
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