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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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MULTIMÍDIA

Le Monde - de Paris

Ortodoxia de Lula é destaque na França

DA REDAÇÃO

Com o título "Um outro Brasil é realmente possível?", o jornal francês "Le Monde" publicou na capa do seu caderno de economia de ontem uma reportagem sobre a situação da economia brasileira após quase seis meses de governo Luiz Inácio Lula da Silva. O título é uma alusão ao slogan do Fórum Social Mundial de Porto Alegre.
O jornal destaca que a política econômica ortodoxa do governo brasileiro começa a gerar insatisfação nos que viam em Lula uma alternativa ao neoliberalismo.
O texto de capa começa citando o título de uma reportagem recente da revista "IstoÉ": "Lula vai bem, mas o país vai mal". Destacando o "carisma incontestável" do petista, o "Monde" diz que, apesar do desemprego alto, a popularidade do presidente permanece elevada, e acrescenta que, embora de esquerda, Lula tem seguido o receituário do Fundo Monetário Internacional.
Essa política, segundo o "Monde", causa decepção no movimento antiglobalização, embora isso não seja admitido abertamente. Para o movimento, o Brasil se tornou uma referência com o fórum de Porto Alegre, de cuja organização o PT participou.
Para mostrar como Lula está preocupado em conquistar a confiança dos mercados, o jornal francês menciona a nomeação de pessoas que o presidente "teria, em outros tempos, qualificado de "representantes do grande capital'", como Henrique Meirelles -ex-presidente do BankBoston-, para o Banco Central, Luiz Fernando Furlan -ex-presidente do conselho de administração da Sadia-, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Roberto Rodrigues -ex-presidente da Associação Brasileira de Agrobusiness, para o Ministério da Agricultura. Para ministros que representariam a "mudança", como José Graziano (Segurança Alimentar) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), teriam sido reservadas pastas com menos recursos.
A "Agenda interditada" -documento assinado por cerca de 300 economistas contra a política econômica do governo- é citada pelo jornal francês. Reinaldo Gonçalves, um dos signatários, afirma, no texto, que "os capitais especulativos que afluem atualmente por causa das altas taxas de juros partirão ao menor alerta".
Esse comportamento pró-mercado teria como meta "arrumar a casa", segundo o presidente. O momento de olhar para o crescimento econômico viria depois de o país superar os reflexos das turbulências do final do ano passado.


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