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MST invade e divide área em PE
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) concretizou ontem a ameaça de,
diante do que classificam de "inoperância" do governo, fazer a reforma agrária com as próprias
mãos. Cerca de 500 sem-terra invadiram uma área em Pernambuco cuja desapropriação está impedida pela Justiça, dividiram os lotes e iniciaram o plantio no local.
Ontem, o MST invadiu o engenho Bonito, de 1.090 hectares, em
Condado (105 km de Recife). Eles
estão na área há sete anos. "Estamos construindo o que chamamos de assentamento provisório.
Vamos nos antecipar ao Incra, selecionando as famílias, dividindo
os lotes e colocando o pessoal para trabalhar, assentando independentemente do Incra", disse Jaime Amorim, da direção nacional
do MST, que esteve em Condado.
O MST havia dado um prazo até
a última sexta-feira para que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) conseguisse assentar famílias no Estado. Para o superintendente do Incra em Pernambuco, João Farias
de Paula Júnior, o sucateamento
do órgão impede que haja agilidade nos processos de vistoria.
1 milhão
A pressão do MST contra a gestão Luiz Inácio Lula da Silva se reforça na exigência, em conjunto
com a CPT (Comissão Pastoral da
Terra), do assentamento de pelo
menos 1 milhão de famílias nos
próximos quatro anos.
O objetivo da reivindicação,
mesmo sabendo da dificuldade
de vê-la atendida, é pressionar o
Planalto -um sinal disso é que o
número de invasões de terra neste
ano já superou o total do ano passado (103). O próprio governo admite um clima de tensão no campo acima do normal.
A pressão dos sem-terra e da
igreja será para que a meta de 1
milhão encabece o novo PNRA
(Plano Nacional de Reforma
Agrária). O plano faz parte do
programa de governo de Lula e
deve ter, a partir de julho, segundo a Agência Folha apurou, a
coordenação do economista Plínio de Arruda Sampaio, referência agrária no PT.
Minas Gerais
O norte de Minas Gerais é a
mais nova região de ação do MST.
Desde abril, foram concretizadas
três invasões na região -a última
foi na última sexta-feira, em Capitão Enéas. Até o final do ano, os
sem-terra planejam invadir "no
mínimo" mais oito fazendas. A
justificativa é que se trata de uma
região com grande número de
terras devolutas (terras do Estado
que teriam sido griladas).
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