UOL

São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MST invade e divide área em PE

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) concretizou ontem a ameaça de, diante do que classificam de "inoperância" do governo, fazer a reforma agrária com as próprias mãos. Cerca de 500 sem-terra invadiram uma área em Pernambuco cuja desapropriação está impedida pela Justiça, dividiram os lotes e iniciaram o plantio no local.
Ontem, o MST invadiu o engenho Bonito, de 1.090 hectares, em Condado (105 km de Recife). Eles estão na área há sete anos. "Estamos construindo o que chamamos de assentamento provisório. Vamos nos antecipar ao Incra, selecionando as famílias, dividindo os lotes e colocando o pessoal para trabalhar, assentando independentemente do Incra", disse Jaime Amorim, da direção nacional do MST, que esteve em Condado.
O MST havia dado um prazo até a última sexta-feira para que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) conseguisse assentar famílias no Estado. Para o superintendente do Incra em Pernambuco, João Farias de Paula Júnior, o sucateamento do órgão impede que haja agilidade nos processos de vistoria.

1 milhão
A pressão do MST contra a gestão Luiz Inácio Lula da Silva se reforça na exigência, em conjunto com a CPT (Comissão Pastoral da Terra), do assentamento de pelo menos 1 milhão de famílias nos próximos quatro anos.
O objetivo da reivindicação, mesmo sabendo da dificuldade de vê-la atendida, é pressionar o Planalto -um sinal disso é que o número de invasões de terra neste ano já superou o total do ano passado (103). O próprio governo admite um clima de tensão no campo acima do normal.
A pressão dos sem-terra e da igreja será para que a meta de 1 milhão encabece o novo PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária). O plano faz parte do programa de governo de Lula e deve ter, a partir de julho, segundo a Agência Folha apurou, a coordenação do economista Plínio de Arruda Sampaio, referência agrária no PT.

Minas Gerais
O norte de Minas Gerais é a mais nova região de ação do MST. Desde abril, foram concretizadas três invasões na região -a última foi na última sexta-feira, em Capitão Enéas. Até o final do ano, os sem-terra planejam invadir "no mínimo" mais oito fazendas. A justificativa é que se trata de uma região com grande número de terras devolutas (terras do Estado que teriam sido griladas).


Texto Anterior: Conflito agrário: Nova onda de invasões preocupa, diz Lula
Próximo Texto: Propinoduto: PF apura uso de empresas para remeter dinheiro
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.