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Governo vence por 272 votos a 172
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma sessão pontuada por
bate-bocas e troca de acusações
entre governo e oposição, a Câmara derrubou a proposta de um
salário mínimo de R$ 275 aprovada na semana passada pelo Senado e restabeleceu os R$ 260 previstos na medida provisória editada em abril pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
O valor de R$ 275 foi derrotado
por 272 votos a 172, com quatro
abstenções, apesar das previsões
de que o governo não conseguiria
reunir quórum suficiente devido
à comemoração do dia de são
João, festejo que tradicionalmente esvazia a Câmara.
A diferença foi de cem votos,
folga similar à primeira votação
da MP na Câmara, em 2 de junho,
quando os R$ 260 passaram por
266 a 167 votos. A MP será promulgada pelo Congresso.
A oposição gastou toda a sessão
acusando o governo de abandonar o compromisso histórico com
os trabalhadores e usar a máquina
pública para se recuperar da derrota sofrida no Senado, quando os
R$ 275 foram aprovados por 44
votos a 31. O governo nega que esteja obtendo apoio em troca de favores aos aliados.
"Foi uma vitória eleitoral e uma
derrota política. O governo tem
uma base forte na Câmara mantida a um custo elevado. Há um fisiologismo muito pesado", disse o
deputado Alberto Goldman (SP),
vice-líder do PSDB.
A execução orçamentária até o
momento tem privilegiado os governistas nas liberações de verbas
para emendas parlamentares.
"Isso é discurso de derrotado. O
que venceu hoje foi a responsabilidade. Temos que criar confiança
para que continuem os investimentos no país. Não podemos gerar suspeitas sobre as contas públicas", afirmou o deputado Professor Luizinho (PT-SP), líder do
governo na Casa.
O presidente Lula, que foi avisado do resultado por um telefonema do ministro Aldo Rebelo
(Coordenação Política), estava
em um seminário em Nova York,
promovido pelo governo, para
atrair investimentos ao país.
O resultado de ontem -que revela uma base governista mais sólida na Câmara do que no Senado- foi fruto de um esforço que envolveu o primeiro escalão do
governo e líderes das bancadas
aliadas na tentativa de assegurar
os votos necessários à aprovação.
Lula, ministros e o vice-presidente José Alencar entraram diretamente na articulação.
A estratégia foi tentar virar votos, assegurar um quórum razoável de aliados e trabalhar para que
alguns dos contrários aos R$ 260
não aparecessem no plenário. O
PMDB e o PL, por influência de
Eunício Oliveira (Comunicações)
e Alencar, diminuíram o percentual de suas dissidências.
No final das contas, o que equilibrou a rebelião verificada em alguns dos partidos governistas, como PP e PPS, foi a ausência de
oposicionistas. Os R$ 260 representam um aumento real -descontada a inflação- de 1,2%.
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