São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO

Ex-prefeito nega acusação e faz ataque a promotor

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) afirmou ontem não ter assinado os documentos bancários enviados pela Suíça e acusou o promotor de Justiça Sílvio Marques de crime funcional por supostamente ter vazado os papéis sigilosos.
"Tenho absoluta certeza de que quem transpirou os documentos não foi o Ministério da Justiça nem a Polícia Federal, quem transpirou os documentos foi Sílvio Marques, que é um criminoso funcional", disse o ex-prefeito.
Segundo Maluf, o crime funcional teria ocorrido duas vezes. "Primeiro quando ele [Marques] entregou um documento com exclusividade a uma rede de televisão, um documento que está em segredo de Justiça". O ex-prefeito atribuiu ainda ao promotor a tentativa de creditar a responsabilidade a outros órgãos, "de maneira covarde".
"Eu acuso formalmente o promotor Sílvio Marques de querer substituir o Estado de Direito no Brasil pelo Estado de terrorismo iraquiano. Ele usa os documentos por mero interesse político-eleitoral."
Questionado sobre os documentos, Maluf disse: "mão reconheço a assinatura, não reconheço os procuradores [que teriam sido nomeados por ele], não tenho conta. O crime cometido contra a minha honra é terem divulgado um documento, cujo acesso me foi proibido, tanto pelo promotor quanto pela Rede Globo", disse.
Maluf afirmou ainda que, pela data da assinatura do regulamento da White Gold, ele já não era prefeito nem ocupava cargo público, por isso não poderia ser acusado de improbidade administrativa (má gestão pública). Ele foi prefeito de São Paulo entre 1993 e 1996.
"Se eu não era prefeito, em 1990, o problema de improbidade administrativa não existe. Qualquer um pode fazer uma aplicação, desde que conste em seu Imposto de Renda", disse.
Sobre as assinaturas que constam nos documentos, Maluf afirmou que não assinou nada e que irá repassar os papéis para o perito grafotécnico Celso Del Picchia, assim que tiver acesso aos documentos.
"O documento que ele [Marques] deu há dias estava escrito a mão. Eu mandei fazer uma perícia e provei que a letra não era minha. Agora, por que esse documento é datilografado?", perguntou o ex-prefeito, que representou contra o promotor na Procuradoria Geral.
O documento anterior era a carta atribuída a Maluf, na qual são transferidos valores depositados na Suíça para Londres. Dois peritos contratados por Maluf informaram ser impossível atestar a autenticidade de uma fotocópia -o original está no banco UBS de Zurique, na Suíça.
O promotor Sílvio Marques afirmou não ter repassado os documentos e solicitou ontem à Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo providências no sentido de apurar o vazamento. Quanto às acusações de Maluf, Marques informou que não iria responder, porque não repassou o documento.


Texto Anterior: Investigação: Suíça atribui fundação de US$ 120 mi a Maluf
Próximo Texto: Eleições 2004: PP convida Russomanno para vice de Maluf
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.