São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

Lula e o chicote

NELSON DE SÁ

Na manchete do Jornal Nacional e também no título do "Financial Times":
- Vitória do governo.
Foi "na Câmara", sublinhou o JN. E "derrotou uma votação do Senado na semana passada", acrescentou o "FT".
Segundo a CBN, "Lula acompanhou a votação de Nova York", informado o tempo todo pelo ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo.
A Globo detalhou que, como a Câmara aprovou e depois o Senado derrubou a medida provisória do mínimo, "a palavra final cabia aos deputados". E agora não precisa "nem de sanção do presidente". Quem assina é "o próprio Congresso".
Ou melhor, é o senador José Sarney -o mesmo cujo grupo tanto ajudou na derrota do governo no Senado.
Para a colunista Eliana Cardoso, do "Valor", antes mesmo da votação de ontem:
- Se Lula trabalhar em favor da reeleição de José Sarney no Senado, vai beijar o chicote. Pega mal. Prestigiar quem o castiga não é reputação que ajude um presidente.
 
Mas o problema de Lula não se restringe a Sarney.
Rádios e sites contabilizaram os votos dos deputados e sublinharam, na expressão da Jovem Pan, que "o PT aparece em terceiro lugar". Atrás do "partido mais governista na votação", o PL, e até do PTB.
Petistas que haviam votado com Lula se voltaram contra ele. De outra colunista do "Valor", Rosângela Bittar:
- Foi só Lula dar indicações de que passaria a considerar mais a presença da aliança, no governo, para se instalar no PT o salve-se quem puder... Lula passou a receber um duro troco: a desobediência, a reação virulenta, obsessiva e cega.

O PRIMEIRO DEBATE

Enquanto a Band faz rir com o candidato Paulo Maluf, a Globo confirma que o primeiro debate em São Paulo, neste ano, é dela. O SPTV dizia ontem que o programa será mesmo no dia 1º, com mediação de Chico Pinheiro e sem a presença de todos os pré-candidatos. Junto com o anúncio, a emissora informou que começava ontem sua cobertura extensiva da campanha paulistana.

EUA falam 1
O site do "Wall Street Journal" noticiou os "louvores" do secretário do Tesouro americano, John Snow, a Lula, depois do encontro de ambos:
- Estamos vendo os resultados da liderança do presidente Lula e de seu time econômico. Os juros reais caíram quase dez pontos desde o verão passado e a economia já está respondendo. O Brasil está bem posicionado para se beneficiar do maior crescimento global. O palco está armado para ganhos crescentes para o povo brasileiro.
Lula não "venderia" melhor.

EUA falam 2
Mais de John Snow:
- Nós estamos comprometidos a trabalhar com o Brasil como um grande indutor do crescimento e do aumento dos padrões de vida no hemisfério.

Regras
Um dos argumentos apresentados pelo vendedor Lula aos investidores, nos EUA, foi que "as regras no Brasil são claras":
- Não queremos aventura.
Mas ontem mesmo o projeto de Lei de Falências era adiado mais uma vez, no Senado de José Sarney, por "falta de entendimento entre as lideranças".

Suscetíveis
E veio o ataque da Argentina, tão ensaiado nos últimos dias. No título do "La Nacion", "a Argentina proibiu o ingresso de animais suscetíveis a aftosa". Proibiu a carne brasileira.

Kirchner e Lula
No Brasil, a reação de líderes rurais ao veto argentino à carne foi questionar uma vez mais as supostas vantagens do vizinho no âmbito do Mercosul.
E na mesma Argentina o presidente Néstor Kirchner recebia ontem reclamos semelhantes da União Industrial Argentina. Prometeu, diz o "La Nacion", tratar do assunto com Lula no próximo encontro dos dois.

Futebol
Mas ao menos no Haiti a relação, ao que parece, vai bem.
O site do "New York Times" trouxe ontem uma reportagem sobre as tropas argentinas em preparação para a viagem, em Buenos Aires. E com a informação de que o Brasil assume amanhã o comando no Haiti.
Os soldados argentinos brincavam que vai ter muito futebol por lá. Um deles garantia:
- Eu tenho certeza que nós vamos vencer os brasileiros em todos os jogos no Haiti.

Jogo de cena
O espetáculo armado na TV Câmara e depois veiculado no Jornal Nacional por Roberto Freire, presidente do PPS, com empurra-empurra e expressões como "cretino", trocadas com o presidente da Câmara, João Paulo, foi flagrante encenação.
A Agência Nordeste afirmou ontem que um assessor de Ciro Gomes já teria deixado o partido e que, depois das eleições, "todo o grupo cirista deve sair do PPS, inclusive o ministro". Os ciristas estariam a caminho do PTB.


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