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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REAÇÃO OFICIAL
Presidente deve apresentar hoje a Renan e Temer proposta de participação no ministério
Lula suspende viagens para negociar reforma com PMDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que o presidente fez
um pronunciamento na TV e
cancelou viagens ao exterior para
acelerar negociações de uma reforma que ao final poderá afetar
pelo menos 15 dos atuais 35 ministros, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva convidou para um
almoço hoje os peemedebistas
Renan Calheiros, presidente do
Senado, e Michel Temer, presidente do PMDB. Lula apresentará
uma proposta ao partido de participação no ministério.
Segundo auxiliares do presidente, Aldo Rebelo (Coordenação
Política) entregou ontem a sua
carta de demissão. O ministro negou: "Não entreguei carta. O presidente me pediu para continuar
trabalhando normalmente".
Aldo luta no bastidor para continuar no primeiro escalão. Até
ontem, a tendência, porém, era
ser substituído por Jaques Wagner (Conselhão), que já disse sim
a sondagem de Lula para ser articulador político. Resumo: a situação de Aldo continua indefinida.
Num dos cenários analisados
por Lula, a reforma poderia resultar na saída de pelo menos dez
ministros e no remanejamento de
outros cinco auxiliares -incluídos o afastamento de José Dirceu
da Casa Civil e a substituição dele
por Dilma Rousseff, ex-ministra
de Minas e Energia. Em um cenário, haveria até a fusão de ministérios, podendo ser criada a pasta
de Infra-estrutura, que seria entregue aos peemedebistas.
Para negociar com o PMDB, Lula cancelou a viagem que faria à
Colômbia no domingo e na segunda e a visita à Venezuela na
terça. Ele acelerará a negociação
com o PMDB. Por telefone, conversou anteontem com Renan e o
senador José Sarney (PMDB-AP),
que deve voltar hoje da Europa.
Sarney e Renan disseram aguardar proposta oficial para levá-la
ao exame da ala oposicionista. É o
que acontece hoje, pois Temer é
dessa ala. Mais: ficou acertado
que Lula excluirá o compromisso
de apoio à sua reeleição do eventual sucesso de uma negociação
agora para dobrar o espaço do
PMDB no governo. O partido tem
Comunicações, chefiada pelo deputado federal Eunício Oliveira(CE), e Previdência, nas mãos
do senador Romero Jucá (RR).
Critério de corte
Para fazer a oferta ao PMDB,
Lula deverá decidir se manterá ou
suavizará um critério que tem comunicado a aliados e petistas:
quer que os ministros com mandatos parlamentares que desejem
disputar as eleições de 2006 saiam
agora do cargo, a fim de não precisar fazer outra reforma até 30 de
abril. Nesse dia, acaba o prazo para quem ocupa cargo executivo
deixar o posto para concorrer.
Uma idéia para suavizar esse
critério era estipular que eventuais novos ministros deixem claro desde já que não disputarão
eleição -assim evitariam sair de
seus postos daqui a nove meses.
Lula poderia permitir que alguns
dos que desejam concorrer em
2006 permaneçam nos postos e
saiam em abril -Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) é um
dos que lutam por isso.
Se vingar a regra mais rígida,
sairiam agora os seguintes ministros que são deputados federais:
Campos, Eunício, Agnello Queiróz (Esportes), Ricardo Berzoini
(Trabalho) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Dirceu é o
sexto nome do grupo. Deixariam
ainda o governo dois ministros
senadores: Jucá e Marina Silva,
que poderia entregar a sua pasta,
Meio Ambiente, ao atual governador do Acre, Jorge Viana (PT).
Os ministros Olívio Dutra (Cidades) e Humberto Costa (Saúde)
fechariam a lista de dez auxiliares
que sairiam da gestão Lula.
Outros quatro ministros que seriam remanejados como Dilma já
foi são: Wagner, Aldo, Ciro Gomes (Integração Nacional) e Walfrido Mares Guia (Turismo). Ciro
é uma opção para Saúde ou Previdência.
(EDUARDO SCOLESE, JULIA DUAILIBI e KENNEDY ALENCAR)
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