São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REAÇÃO OFICIAL

Presidente deve apresentar hoje a Renan e Temer proposta de participação no ministério

Lula suspende viagens para negociar reforma com PMDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia em que o presidente fez um pronunciamento na TV e cancelou viagens ao exterior para acelerar negociações de uma reforma que ao final poderá afetar pelo menos 15 dos atuais 35 ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou para um almoço hoje os peemedebistas Renan Calheiros, presidente do Senado, e Michel Temer, presidente do PMDB. Lula apresentará uma proposta ao partido de participação no ministério.
Segundo auxiliares do presidente, Aldo Rebelo (Coordenação Política) entregou ontem a sua carta de demissão. O ministro negou: "Não entreguei carta. O presidente me pediu para continuar trabalhando normalmente".
Aldo luta no bastidor para continuar no primeiro escalão. Até ontem, a tendência, porém, era ser substituído por Jaques Wagner (Conselhão), que já disse sim a sondagem de Lula para ser articulador político. Resumo: a situação de Aldo continua indefinida.
Num dos cenários analisados por Lula, a reforma poderia resultar na saída de pelo menos dez ministros e no remanejamento de outros cinco auxiliares -incluídos o afastamento de José Dirceu da Casa Civil e a substituição dele por Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia. Em um cenário, haveria até a fusão de ministérios, podendo ser criada a pasta de Infra-estrutura, que seria entregue aos peemedebistas.
Para negociar com o PMDB, Lula cancelou a viagem que faria à Colômbia no domingo e na segunda e a visita à Venezuela na terça. Ele acelerará a negociação com o PMDB. Por telefone, conversou anteontem com Renan e o senador José Sarney (PMDB-AP), que deve voltar hoje da Europa.
Sarney e Renan disseram aguardar proposta oficial para levá-la ao exame da ala oposicionista. É o que acontece hoje, pois Temer é dessa ala. Mais: ficou acertado que Lula excluirá o compromisso de apoio à sua reeleição do eventual sucesso de uma negociação agora para dobrar o espaço do PMDB no governo. O partido tem Comunicações, chefiada pelo deputado federal Eunício Oliveira(CE), e Previdência, nas mãos do senador Romero Jucá (RR).

Critério de corte
Para fazer a oferta ao PMDB, Lula deverá decidir se manterá ou suavizará um critério que tem comunicado a aliados e petistas: quer que os ministros com mandatos parlamentares que desejem disputar as eleições de 2006 saiam agora do cargo, a fim de não precisar fazer outra reforma até 30 de abril. Nesse dia, acaba o prazo para quem ocupa cargo executivo deixar o posto para concorrer.
Uma idéia para suavizar esse critério era estipular que eventuais novos ministros deixem claro desde já que não disputarão eleição -assim evitariam sair de seus postos daqui a nove meses. Lula poderia permitir que alguns dos que desejam concorrer em 2006 permaneçam nos postos e saiam em abril -Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) é um dos que lutam por isso.
Se vingar a regra mais rígida, sairiam agora os seguintes ministros que são deputados federais: Campos, Eunício, Agnello Queiróz (Esportes), Ricardo Berzoini (Trabalho) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Dirceu é o sexto nome do grupo. Deixariam ainda o governo dois ministros senadores: Jucá e Marina Silva, que poderia entregar a sua pasta, Meio Ambiente, ao atual governador do Acre, Jorge Viana (PT).
Os ministros Olívio Dutra (Cidades) e Humberto Costa (Saúde) fechariam a lista de dez auxiliares que sairiam da gestão Lula.
Outros quatro ministros que seriam remanejados como Dilma já foi são: Wagner, Aldo, Ciro Gomes (Integração Nacional) e Walfrido Mares Guia (Turismo). Ciro é uma opção para Saúde ou Previdência. (EDUARDO SCOLESE, JULIA DUAILIBI e KENNEDY ALENCAR)

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